Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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01 Dezembro 2022

Não sendo tanto uma recensão, mas uma nota opinativa: O Lixo na Minha Cabeça de Hugo van der Ding (Oficina do Livro, 2022) é uma recolha oportuna dos sketches humorísticos que tornaram este autor famoso nas redes sociais. São vinhetas de traço despretensioso (no sentido em que aparenta ser rabiscado à pressa - ou então, é uma imperfeição estudada) com texto a acompanhar - normalmente diálogos, e nos quais reside a essência do humor -, e que nesta edição se encontram organizadas por secções temáticas, com personagens diversas que (presumo) foram ganhando destaque junto dos leitores ao longo do tempo. Deparamo-nos com trocadilhos semântico-visuais (representações insólitas de lugares comuns do português falado) e comportamentos incorrectos, quando as personagens agem contrariamente ao papel que a sociedade lhes impõe (a psicóloga que se está a borrifar para os pacientes, a avó com desejos «impróprios para a sua idade», e até gatos que detestam a dona). Obviamente, são estes últimos os mais interessantes, além dos mais engraçados, pela sua rebeldia, juvenil mas acutilante, que se dirige à inconformidade latente que possa existir dentro de cada leitor. Esta técnica perspicaz confere às personagens, porque a atitude delas nos choca, uma solidez que literariamente não possuem - muito como o desenho de sombras sugere tridimensionalidade a uma imagem no papel -, pois tudo o que reage nos parece ter vida própria. Ainda assim, o autor mantém-se sempre dentro de um registo universal, visando o quotidiano, isentando a obra de opiniões demagógicas, contra o hábito que enferma (outros diriam, influencia) o humor recente de alguns dos nossos melhores comediantes (apesar de, ocasionalmente, estes acertarem na mouche, seja-se justo). Encontrei dois problemas nesta edição: um menor, que é a falta de explicação sobre a ordem das vinhetas (se cronológica, por data de criação, se outra), pois não é evidente; e um maior, no facto de se terem inserido vinhetas com bastante texto em páginas que contêm duas ou três seguidas, com a necessária redução de tamanho, pois dificulta a leitura. Opinião final: receita-se vivamente, como remédio contra dias cinzentos.

capa do livro

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06 Novembro 2022

Ecos da GalxMente. Negritos, meus.

What would our own death feel and taste like—as an experience rather than a moral and moralizing experiment [...]? That is a question that seems to have plagued [Hilda] Hilst her entire life, and her tentative answer to it was twofold: firsthand experience of death was something that could be achieved through art, and, should that prove insufficient, by directly asking the dead themselves. What would it feel like to simply not be? And how can this be a knowledge we do not possess, considering we have spent, and will spend, billions of years in such state.

(Fonte)

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