Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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31 Março 2007

EM TEMPOS UM PEQUENO LIVRO foi sacrificado no altar da intelligentsia literária portuguesa. Chamava-se O Atlântico Tem Duas Margens: Antologia da Novíssima Ficção Científica Luso-Brasileira, e num número da revista Ler de 1993 ou 1994 (há coisas que felizmente não se reserva espaço precioso de memória a recordar) saía uma pequena crítica intitulada «A Bosta do Trimestre», onde se discursava num estilo vomitácio (is that a word?) sobre a indecência de propor tamanha afronta literária ao virginal público português. Não me lembro de críticas a contos específicos, mas que o autor do texto não tinha gostado, isso ficava bem claro. Sem querer tecer comentários ao pobre gosto editorial de incluir aquele tipo de abordagem num veículo de informação que se posicionava como o farol-guia da edição em Portugal (decerto o crítico anónimo sem sentido de humor pensou que estava a ser muito engraçado), a situação retratava exemplarmente a opinião de então (que não deve ter mudado muito) do género. Foi por isso que eu e o João, ao autografarmos um exemplar do Terrarium para a secção de críticas da revista (mandatados pela Caminho, que tinha uma lista de jornalistas específicos a quem se enviavam cópias devidamente autografadas; ó editoras de agora, que lições ainda aprendereis mais com a geração anterior?) incluímos a dedicatória «Dos sobreviventes da Bosta do Trimestre». Já muitas vezes me pronunciei sobre este assunto, mas a leitura deste artigo fez-me recordá-lo, em particular porque se há cultura jornalística e literária na qual as críticas são pouco elucidativas é deveras a nossa (agora não há praticamente nenhum jornal de critica especializada, e o acto elucidatório é zero, o que de certa forma constitui uma melhoria de qualidade).

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LINKS AHOY! Directamente da Grande Teia Mundial...

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AS COISAS EM QUE UM GAJO SE METE quando é novo. William Shatner num filme sobre «demoníaco»... (A melhor cena é sem dúvida a da perseguição por todos aqueles acólitos, mas lá se consegue ir safando dos que encontra na frente com um ligeiro empurrãozinho...)

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29 Março 2007

O MISTÉRIO DA LINGUAGEM exemplificado de uma forma divertida, inglesa e com uma densidade de texto incomum nas sitcoms dos dias actuais (hoje mais orientadas para fazer reflectir ad nauseum a transitoriedade e vulgaridade das pequenas frases, perguntas, respostas, lugares-comuns e interjeições que compõem o linguajar ordinário de cada dia - é mais fácil de escrever, é mais fácil de interpretar, atinge o mínimo denominador comum da inteligência televisiva, ou seja, a falta de).

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28 Março 2007

COMO MERA CURIOSIDADE, notícias de futuros possíveis no decorrer do nosso presente (mas como são elaboradas a partir de notícias de jornais actuais - as quais, como sabemos, são frequentemente concebidas à pressa e com pouco tempo para pesquisa e reflexão na sustentabilidade das afirmações - acabam por se tornar em notícias de futuros alternativos) a par de notícias de futuros que foram um dia possíveis de acontecer (não temos gramática que lide decentemente com fraseologia temporal...), ou seja, presentes alternativos com sabor retro (via este blog).

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25 Março 2007

DA TRISTEZA DOS LIVROS JÁ LIDOS E OUTROS RELATOS.  Trailers de filmes, já ouviram falar? John Scalzi (que nasceu no meu ano, mas que me ultrapassa em número de livros, embora só tenha começado esta década, e em ganhos financeiros por via dos mesmos, mas aí não há muito a fazer, a não ser emigrar para a América do Norte... hmmm...), hot new author in town, mostra-nos como com um orçamento caseiro e uma câmara de vídeo se consegue fazer vídeos promocionais de livros extremamente sofisticados...

Greg Egan, por outro lado, lançou um desafio aberto a criadores visuais para produzirem um trailer de um filme baseado na sua obra Eon, o mundo artificial que surge ao lado da Terra e que se descobre ser maior por dentro do que por fora. É uma obra fascinante de FC pura, que teve uma continuação em Eternity e que obviamente nenhum editor português se atreveu ainda a traduzir. Apenas lamento que o livro escolhido não tivesse sido The Forge of God, onde a Terra é utilizada como zona de conflito entre duas superpotências extraterrestres e destruída no final (por intermédio de um buraco negro - ou seriam dois? - enviado para o centro do planeta e que o consome gradualmente). Este foi o vencedor.

Não será talvez o post mais interessante depois de uma semana de ausência (trabalho, bla bla, problemas, bla bla bla), e tenho alguns previstos sobre a natureza de alguns aspectos particulares da FC. Entretanto, encontrei o Ricardo, que me indicou que o projecto da revista Nova está a avançar bem e que me avisou igualmente sobre a inoperacionalidade da secção de comentários da página (o que me vai obrigar a implementar um novo mecanismo) - até lá, comentem, se vos apetecer, por email, que eu reproduzirei os mesmos posteriormente.

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19 Março 2007

A VIDA IMITA A FICÇÃO CIENTÍFICA? De acordo com o artigo da Scientific American, aparentemente ainda temos de esperar muito tempo até isso ser possível. Ou desatamos a popular colónias espaciais. A novela em causa é «Outnumbering the Dead», de Frederik Pohl, a história do último mortal (a FC é dada a estes dramalhões de telenovela, por vezes) - mas o autor sugere que só com a imortalidade é que se chega lá. De que estamos à espera?

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17 Março 2007

E AFINAL SÃO ESTAS AS CAPAS que representam o melhor do género: a noção de aventura, o futuro à janela, uma estranheza reconfortante, e a bendita tecnologia como bengala da humanidade contra os momentos mais difíceis e os ambientes mais exóticos. Uma mansa anarquia de tipos de lettering, cores e estilos que se perdeu. As capas de hoje são estudadas em tema e equilíbrio, e de acordo com regras de marketing. O profissional sanitizou o experimental. Significa que crescemos. É de espantar que contribuia para o afastamento das mentes juvenis?

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16 Março 2007

POR UM LADO ONANISTA, por outro redentor. Depois de ouvir o Bruce sei que existo numa praia, que escrevo na areia, que tudo é passageiro e passa na corrente. Por isso, redescobrir-me não pode ser encarado como um pecado maior, mais aceitável ainda se acrescentar que não me recordava deste texto e que ainda sinto pena de não ter chegado verdadeiramente a nascer esta Trilha de grandes promessas mas que infelizmente (como a ficção científica portuguesa dos dias actuais) se revelou tão mal parida.

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