Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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28 Fevereiro 2007

UMA EXCELENTE OBSERVAÇÃO do Alexandre Andrade, que transcrevo com prazer:

(...) uma das principais limitações da crítica de cinema portuguesa é tratar um filme como se fosse tudo menos um filme, ignorar as especificidades do cinema, entregar-se com demasiada prontidão a exercícios superficiais de análise política e sociológica. Isto sucede por diversas razões. Por desleixo, certamente; por incapacidade de ver para lá de agendazinhas pessoais míopes e confinadas, sem dúvida; acima de tudo, como reflexo puro e simples da falta de enraizamento, entre nós, de uma cultura de análise do objecto cinematográfico.

Já devem ter percebido que o comentário final vai servir-me de trampolim para extrapolar sobre a falta de enraizamento, entre nós, de um mínimo de inteligência e da mera capacidade de discernimento literário (o Alexandre foi demasiado simpático...) da grande maioria dos nossos críticos literários e respectivos (poucos) suplementos que lhes dão abrigo - para lá da mera crítica às badanas, uma disciplina em que somos exímios.

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CONSTRUÇÃO DE MUNDOS na Ficção Científica é acima de tudo a capacidade de atenção aos detalhes e de aproveitar o impacto emocional/literário da informação condensada - por exemplo, colocar um discreto anúncio no canto da primeira página do jornal a anunciar promoções de Inverno de um serviço massificado de eutanásia que executa "com um sorriso" e até "vai a casa". No caso deste outro exemplo, do péssimo embora visualmente cativante Filhos do Homem, são anúncios.

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25 Fevereiro 2007

JURO QUE NÃO GANHO À COMISSÃO, embora pareça se vos orientar para mais uma apresentação, desta feita com leitura incluída, de Dan Simmons e do seu Terror...

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GOSTARIA DE PODER APRESENTAR-VOS DEVIDAMENTE este grande senhor da ficção científica francesa, mas confesso que não tive oportunidade de lê-lo com a atenção e o respeito merecido. Não só o tempo é curto como tenho as obras originais em francês, e o francês é para mim champanhe, e não vinho, não o trago com a mesma leveza. No entanto, poderei redimir-me um pouco ao vos anunciar que a sua ficção curta começa a estar disponível na internet, e que alguns dos romances poderão ser encontrados na Amazon francesa (ou melhor ainda: dando um saltinho a França e mergulhando os narizes nos alfarrabistas..) O nome é Michel Jeury, e a ficção está aqui (e tanto quanto saiba, tem em português apenas um conto traduzido na antologia O Sexo na Moderna Ficção Científica).

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A LITERATURA EFÉMERA? Numa confissão inesperada, James Harris, autor de um ensaio sobre os clássicos da ficção científica (que como ele próprio informa, transformou num site posteriormente), revela, passados vinte anos, o seu afastamento e desilusão face ao que considerava obras de valor inigualável e que pensava resistirem ao tempo. Encostados à parede, defronte do pelotão, ficaram a trilogia Fundação, as Crónicas Marcianas, e vários livros de Robert Heinlein... O comentário infelizmente ilumina pouco - não está em causa a validade de que se possa mudar de gosto ao longo do tempo, mas que, numa perspectiva crítica, mesmo face à natureza ínfima e vulgar própria do espaço bloguista, pouco se diga sobre os motivos do desencanto: terá sido o estilo, a ingenuidade dos pressupostos de então que perdeu contra a atitude mais cínica do mundo actual, a fraca qualidade do imaginário, as convicções científicas entretanto desactualizadas? Terá sido uma questão de envelhecimento pessoal à mistura, a perda do sense-of-wonder? Terá sido uma maior capacidade de afirmação do gosto pessoal do próprio autor, no sentido em que não teria, então, tido o discernimento suficiente para contrariar a vox populi (como sugerido em: «I had read the original Foundation trilogy back in the 1960s and accepted it then as a classic because everyone said it was so»)? A pobreza do desabafo não retira a validade desta terrível questão, que está no cerne de todas as obras produzidas e no espírito de qualquer autor. É uma questão universal da literatura, não somente deste género em particular, embora pela sua própria natureza (dado a circunstâncias ou discursos vigentes na época em que as obras são escritas - e logo a fenómenos de moda que em poucas décadas se tornam em curiosidades arqueológicas - e cujo foco é sobre os sonhos e aspirações de uma geração e cultura numa determinada época da História - e daqui a cinquenta anos, o que interessará mais ao mundo futuro, conhecer os nossos sonhos ou aquilo que realmente conseguimos colocar em prática?) a ficção científica esteja mais vulnerável. Todos escrevemos na areia, mas apenas alguns conseguem adentrar-se mais na costa onde a maré tarda a chegar. Creio que a conclusão mais pertinente, e com a qual tenho mais pontos de contacto, será a seguinte:

(...) I think hard-core science fiction readers will continue to seek and find the books on The Classics of Science Fiction list. The average science fiction reader will be content with the latest fad in science fiction and fantasy books. I think the desire to read science fiction is mostly based on the urge to find new and novel excitements – so the classic books that come from the 1940s and 1950s pulp magazines will feel old and quaint to them. Eventually, even the New Wave times of the 1960s and 1970s will seem old wave. Books from the 1920s and 1930s seemed quaint to me in the 1960s. I have a feeling that the most sophisticated science fiction written today will feel like a dime novel does to us when read by our grandchildren.

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24 Fevereiro 2007

DO NORTE DA IRLANDA surge-nos uma delirante interpretação sobre o mistério de Brasil, talvez a nação cuja cultura mais consistentemente tem servido de bandeira para o grande choque entre misticismo e ciência, entre racionalismo e delirante paixão, onde o extremo da riqueza e da pobreza subsistem lado a lado, glaciar contra terra em constante fricção - a contenda eterna de duas correntes ou marés na conquista de território, mares que não se misturam. É notória a obsessão anglo-saxónica com este fervilhar de vida, a terra que, comparada com a cultura de inspiração teutónica, se encontra nos antípodas. Ian McDonald já nos tinha presenteado recentemente com uma absorvente e convincente descrição de uma Índia ao virar da esquina, daqui a quarenta anos, numa narrativa saturada de tecnologia vanguardista e hinduísmo (River of Gods, que dificilmente um editor português traduzirá). Em tempos, contou a história de gigantescas locomotivas inteligentes que percorriam os desertos e as cidades perdidas de Marte num estilo inspirado no realismo mágico sul-americano (Desolation Road e Ares Express), da vida em campos de concentração («Fragments of an Analysis on a Case of Histeria»), de meninas retirada de pais incautos na crença de serem a encarnação seguinte da Taleju Bhawani (Little Godness, disponível online). Centra a sua atenção agora naquele país que fala uma língua tão próxima da nossa, mas que está tão distante da nossa cultura e forma de ser como está um filho que emigrou para além-mar e por lá casou, por lá vive, um estranho que agora raramente visita.

Brasyl

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23 Fevereiro 2007

O QUE SE GANHA LÁ FORA sendo autor do género (atenção que Scalzi refere-se a valores brutos, antes de impostos e Segurança Social, e tratam-se de dólares americanos)... nem vale a pena revelar o que um autor nacional «ganha», pois tudo o que poderia dizer, ou vos faria rir até às lágrimas ou encher-vos de tamanha comiseração que vos poria em lágrimas (o resultado é o eterno choradinho portuga).

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22 Fevereiro 2007

ISTO É FICÇÃO CIENTÍFICA. Sim, isto é ficção científica. Esta noveleta foi galardoada com os prémios Nébula e Hugo em inícios dos anos 80, quando estes prémios ainda tinham impacto e significado no género, antes de serem deixados nas mãos dos românticos desconsolados (Lois McMaster Bujold, anyone?) e das crianças (Harry Potter, for heaven's sake?!). Quando a influência da ciência na vida e o contributo para a melhoria do nosso bem-estar era mais respeitada (ou seja, não se falava de ensinar criacionismo nas escolas públicas). Comecei por ler esta história na versão romance, mas nunca consegui acabá-la, estranhamente por me desagradar o estilo (Greg Bear melhorou muito desde então, e com o seu penúltimo romance, Dead Lines, atinge um estado de sublime melancolia) e embirrar com o nome do protagonista (sim, nem sempre há razões lógicas para gostar ou não gostar...) - foi a versão original na forma de noveleta que acabou por me conquistar e despertar o sense-of-wonder. Como é possível ficar-se insensível perante a especulação proposta? O que, se não a compreensão dos mecanismos químicos e biológicos do mundo (aliado a noções de cibernética, inteligência artificial, etc), inspiraria o despertar de novas e incompreensíveis formas de vida na mente de um singelo autor? «Há muito mais no Céu e na Terra do que o Sonhado na tua Fantasia, Tolkien», disse em tempos e bem o bardo saxónico. Fiquemo-nos, assim, com Música no Sangue, finalmente online (para puristas da leitura: aconselho a copiar o texto para um documento word e a formatá-lo à parte, uma vez que a página não contribui para a respectiva legibilidade).

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E COMO A NATUREZA INTERPRETA O SILÊNCIO: pequenos terroristas dentro de nós, obscurecendo palavra por palavra...

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RECONHECENDO A ESTRANHA COINCIDÊNCIA da mistura de um Terror (Dan Simmons, ver post anterior) com a natureza da Ciência e da Fé, e contribuindo para debates sobre identidades fantásticas na ficção, e por fim demonstrando que este blog em nada é insensível ao Mistério do que nos Rodeia, junto-me a Matthew Cheney na celebração do centenário de Auden (principalmente porque os escritores devem ser celebrados, independentemente das suas ideossincracias - ou talvez por as terem), e do respectivo blog cito a demonstrada citação:

O what authority gives
Existence its surprise?
Science is happy to answer
That the ghosts who haunt our lives
Are handy with mirrors and wire,
That song and sugar and fire,
Courage and come-hither eyes
Have a genius for taking pains.
But how does one think up a habit?
Our wonder, our terror remains.

Art opens the fishiest eye
To the Flesh and the Devil who heat
The Chamber of Temptation
Where heroes roar and die.
We are wet with sympathy now;
Thanks for the evening; but how
Shall we satisfy when we meet,
Between Shall-I and I-Will,
The lion's mouth whose hunger
No metaphors can fill?

Well, who in his own backyard
Has not opened his heart to the smiling
Secret he cannot quote?
Which goes to show that the Bard
Was sober when he wrote
That this world of fact we love
Is unsubstantial stuff:
All the rest is silence
On the other side of the wall;
And the silence ripeness,
And the ripeness all.

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21 Fevereiro 2007

A MELHOR CRÍTICA sobre o que considero ser, para já, o melhor romance deste ano (e não - para sustentar uma afirmação minha passada que, não reflictindo a totalidade das minhas opiniões sobre o assunto [e talvez por isso mesmo], suscitou alguma polémica - , não é tecnicamente ficção científica, e no entanto utiliza os instrumentos, as técnicas e a abordagem racional da ficção científica com maior segurança e vitalidade que muitos romances ditos do género). O livro chama-se The Terror, por Dan Simmons, e é uma leitura apaixonante (dos raros livros que nesta minha fase da vida me vão acompanhando em viagem e para o qual desejo voltar durante o dia - quando era mais novo não costumava ser tão exigente) sobre a travessia falhada da expedição marítima de Sir John Franklin ao tentar mapear o percurso final da passagem para Ocidente pelos mares do Norte - ou seja, em natureza semelhante à expedição de Fernão de Magalhães (que é alvo da minha contribuição na recente antologia Sombra Sobre Lisboa), com a diferença que Franklin seguia pelos mares gelados do norte do Canadá, com equipamento mais sofisticado em meados do século XIX, maior número de homens, e no entanto falhou. A crítica é de John Clute, mestre do assunto, embora deva avisar que contém imensos spoilers.

(Imagem do Museu McCord de História do Canadá)

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20 Fevereiro 2007

EFEITOS SECUNDÁRIOS das nossas próprias invenções? Chamo a vossa atenção para este comentário, do qual citarei com alguma extensão:

Molecular manufacturing (MM) would greatly boost manufacturing throughput and lower the cost of large products. While some associate MM with smallness, it is better thought of in connection with size and grandeur. Although microscopic killing machines built by MM will definitely become a risk by 2015-2020, the greatest risk will come from the size, performance, and sheer quantity of products. Because a nanofactory would need to be able to output its own weight in product in less than a 12 or so hours or it wouldn’t have been developed in the first place (scaling up from a single molecular manipulator to many trillions requires 33 or so doublings - which could take a long time if the product cycle is not measured in hours), these factories, given raw materials and energy, could produce new factories at an exponential rate. Assuming a doubling time of 12 hours, a 100 kg-size tabletop nanofactory could be used to produce 819,200 kg worth of nanofactory in only a week. As long as the nanofactories can support their own weight and be supplied with adequate matter and energy, they can be made almost arbitrarily large. Minimal labor would be necessary because the manufacturing components are so small, they must be automated to work at all. Regulations and structural challenges from excess height can be circumvented by fabricating nanofactories that are long and wide rather than tall and fragile. Once created, these factories could be programmed to produce whatever products are technologically possible with the tools at hand - at the very least, products at least as sophisticated as the nanofactories themselves. Unscrupulous governments could use the technology to mass produce missiles, helicopters, tanks, and entirely new weapons, as long as their engineers are capable of designing diamondoid versions of these products. Their rate of production, and quality of hardware, would outclass that of non-nano-equipped nations by many orders of magnitude.

Imaginem uma situação de nanofábricas desgovernadas, cuja principal função é transformar tudo o que possa servir como matéria-prima e fonte de energia (compostos orgânicos, compostos metálicos, captação de energia solar ou térmica ou mesmo orgânica) naqueles produtos minúsculos do dia-a-dia: em porta-chaves, canetas, ofertas promocionais, material de escritório, peúgas, telemóveis, apitos, bolas de futebol, jarros, quadros, talheres, cadeiras, guarda-chuvas, calçado, pentes, escovas, antenas, fios eléctricos... tudo o que é consumido em grandes volumes pela actual civilização. Estas nanofábricas estão instruídas para gerar novas nanofábricas, para assegurar o aumento da produção - o efeito de duplicação contínua. Imaginem uma praga destes artefactos em acção num vasto território, consumindo todos os recursos naturais da área na produção de consumíveis inúteis e baratos. Neste cenário, não se torna necessário que o resultado das nanofábricas seja militar ou destruidor - o mais inócuo torna-se letal e sufocante quando em excesso. Os recursos são consumidos à exaustão, as populações obrigadas a fugir, os terrenos literalmente cobertos de tralha não ecológica. Como lutar contra? A intenção não é precaver uma tecnologia nova (a tudo se atribui um bom uso, a tudo se atribui um mau uso) mas encontrar, no espaço da ficção, resultados inesperados, embora congruentes, de alterações significativas do nosso status quo por intermédio da tecnologia.

Image

Imagem: Eixo Diferencial Molecular, concebido por Erik Drexler e Ralph Merkle em 1995. [link]

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MEGAESTRUTURAS E SONHOS DE GRANDEZA populam este divertido artigo sobre alguns dos artefactos que se podem encontrar na ficção científica. Tecnofantasia em larga escala: do conceito e do cérebro à execução à realidade final. A minha preferida continua a ser a esfera de Dyson de Tipo I, de entre as mais práticas e imediatamente possíveis.

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18 Fevereiro 2007

ENTENDER O CONTEXTO mundial pode não ser necessário para entender a mensagem numa obra de Ficção Científica (o que na verdade não defendo: a FC é acima de tudo uma manifestação reaccionária face a tendências prometidas pelo presente), mas é certamente importante conhecer o contexto em que a obra foi produzida - e neste caso, conhecer o autor, a época, o discurso literário em que se encontrava envolvido, quais as suas influências de leitura, etc. Esse território, mais do que qualquer data de referência, contém o maior número de pistas para descodificação.

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17 Fevereiro 2007

FICÇÃO LIVRE. E para terminar a sequência de comentários do dia num tom mais ameno, uma chamada de atenção para mais um caso de ficção gratuita na internet: o romance Move Under Ground, de Nick Mamatas. De acordo com a Booklist na Amazon.com: «In this tour de force, which is Mamatas' first novel, the Beats meet the elder gods of H. P. Lovecraft, and a harrowing time is had by all. It's the early sixties, and Jack Kerouac is hiding from his public in Big Sur, enjoying the company of a Hindu deity in the form of a redhead he calls Marie and waiting for word from Neal Cassady, his and many another Beat's charismatic hero.Word he gets, including some babbling on about the Old Ones rising out of the Pacific and sweeping across America. That sets Jack off in search of Neal and, with Neal and eventually Bill Burroughs, on a cross-country jaunt just ahead, or behind, the advancing dark tide of the Old Ones. Destination: Mannahatta, where the since-separated Jack and Neal have a showdown--with each other! Mamatas virtuosically parodies Kerouac's pell-mell On the Road style, but Burroughs' Naked Lunch and Exterminator, minus the outre sex, are more obvious templates for this wild, weird, woolly romp.»

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O HOMEM ESCATOLÓGICO. Alguns minutos para divulgar um testemunho que em tudo confirmou a minha opinião pessoal da figura pública. Rapidamente perdoaria a imbecilidade da atitude se não a visse reflectida e ampliada na respectiva obra, que muito dificilmente se erguerá ao nível de um mínimo vestígio de literatura decente, a meu ver. Adoramos reis nus e estátuas de palha, mas também nisto somos portugueses, e quiçá fadados a honrar a mediocridade entre nós. Não perco mais palavras desta preciosa língua a referir-me ao dito. Como já perceberam, o título deste comentário refere-se à qualidade da sua obra, mas considerando o sentido orgânico do termo, não o teológico.

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MUITO BEM DITO, Paolo, muito bem dito... Não há tarefa mais absurda e onanista que a de escritor - a não ser a de ditador, mas esse convence o mundo a contribuir para o seu onanismo...

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ARQUIVO DE DIÁLOGOS IMAGINADOS. Na segunda série da Galactica, quando Starbuck tenta entrar nos túmulos de Kobol (dos quais só vemos uma parede de rocha) com a ajuda da mítica seta de Apolo (sim, uma seta feita de metal dourado, sim, contra uma parede de rocha), e claro, não percebe como, desabafa: «Ai, porque é que isto não veio com manual?». Ao que teria sido tão bom alguém responder: «É a porra de uma seta, minha parvalhona! Precisas de um manual?!» (Revelar que, para entrar, tiveram de empurrar a parede de rocha com muuitaaa força - afinal era uma porta - era estragar um pouco a intenção deste comentário...) (Galactica: a cair vertiginosamente na minha consideração, aproxima-se do nível  da segunda série do Lost).

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12 Fevereiro 2007

PORQUE INTERESSA. Paolo Bacigalupi enquanto nova e grande promessa da ficção científica. Da ficção científica. Não da fantasia. Leiam esta crítica (ela própria um exemplo de bom criticismo) e leiam-no. Não de fantasia. Da ficção científica. «The People of Sand and Slag» enquanto revisionismo pós-ciberpunk do «A Boy and His Dog», talvez não tão mordaz no fim (reminiscências dos anos 60...) mas mais tecnosagaz. Em rápida evolução para «The Calorie Man», uma aguerrida distopia sobre o mundo pós-petróleo. Ficção científica. Não fantasia. Encontram muito material na internet. Googlem-no. Não percam tempo. Não se deixem cativar pela pobre dieta da fantasia. Mesmo que se chame Mervin Peake e brilhe acima dos grandes. Mesmo que eu próprio o recomende. Uma hora com um livro de fantasia é uma hora sem um livro de ficção científica. O mundo não se governa por parábolas e encantamentos. O mundo pertence à matemática e à engenharia. O mundo é como é. Ficção científica. Fantasia, nem falar.

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10 Fevereiro 2007

PEQUENOS FLOCOS DE NEVE numa brisa digital: para começar, os pregões de Cory Doctorrow, que me fizeram descobrir este excelente artigo de Tim O'Reilly (sim, dos manuais técnicos O'Reilly) sobre o que já se tornou numa discussão infindável, a disponibilização de conteúdo copyrighted na internet e modelos lucrativos de negócios online: Piracy is Progressive Taxation, and Other Thoughts on the Evolution of Online Distribution. Deste texto, destaco os seguintes comentários:
  • (Relevante sobre os negócios online) Most observers also seem to miss the point that the internet is already sold as a subscription service. All we're working on is the development of added-value premium services. What's more, there are already a few vertically-integrated ISPs (notably AOL Time Warner) that provide "basic" connectivity but own vast libraries of premium content.
  • (Grande lição para autores e pequenos editores - e livrarias, já agora) I have many times asked a bookstore why they didn't have copies of one of my books, only to be told, after a quick look at the inventory control system: "But we do. It says we still have one copy in stock, and it hasn't sold in months, so we see no need to reorder." It takes some prodding to force the point that perhaps it hasn't sold because it is no longer on the shelf. Because an online copy is never out of stock, we at least have a chance at a sale, rather than being subject to the enormous inefficiencies and arbitrary choke points in the distribution system.
  • (e finalmente esta grande verdade) As the Hawaiian proverb says, "No one promised us tomorrow."

Outros flocos levam-nos a considerar que o género do Terror (Horror, Fantasia Negra, seja o que for, não temos uma designação firme em português para este tipo de literatura) vai afirmar-se como a grande promessa do próximo ano, como neste artigo do Inpedentent. Quem atravessou a década de 90 e viu surgir e morrer em três anos dezenas de autores num argumento semelhante encara esta afirmação com algum cepticismo, embora na lista de livros apresentada no artigo se encontrem alguns Swarovski, como é o exemplo de The Terror de Dan Simmons, cuja entrevista pode ser escutada atentamente na Agony Column. O artigo do jornal, por sinal, inspirou esta BD:

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Ficção Científica e Fantasia em Português