Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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07 Setembro 2021

O futuro que talvez seja, mas na capa lemos O Futuro Que Não Foi, isto é, El futuro que no Fue - aunque no el original, pois o autor é catalão, e a língua, sabemo-la arma de arremesso - e marca o regresso de Daniel Torres ao universo de Roco Vargas, personagem que escreve ficção científica e funciona como mal-disfarçado avatar daquele seu criador. Agora estamos perante um fac-símile: a revista com as aventuras gráficas de Archí Cúper (sentem o estrangeirismo?) na cidade terrena de Montebahia que, como todo o Sistema Solar interior, se encontra controlada pelas MercAgências, as ditas agências publicitárias. Sim, a publicidade não só se tornou norma como também a força motriz de toda a economia, a ponto de nenhuma instituição social, incluindo as forças armadas, poder existir sem o devido patrocinador. Tudo é oportunidade de venda, incluindo o polícia disposto a perdoar a multa se o infractor assinar o produto que ele representa. (Por outro lado, a sanção financeira não deixa de existir, e só na nossa ingenuidade poderíamos crer num mundo em que as forças de autoridade fossem totalmente autónomas das influências do poder político e financeiro... será, pois, o nosso mundo a metáfora da versão de Torres, e não o inverso?) À ubiquidade dos anúncios chamam os habitante de Ruído, uma conotação quiçá demasiado benevolente, pensamos, ao apreciarmos a cacofonia horrenda da cidade nas vinhetas amplas, que os traços do desenho a fingir-se de pulp de certa forma apaziguam. Embora publicado em formato álbum durante 2021 pela Norma, a história divide-se em capítulos intercalados com notícias e anúncios de época - como tinha de ser. Não é que o enredo seja original, e o formato até permitia maiores voos. Archí é detetive privado e sósia de Robert Mitchum, a quem Roco/Torres atribui uma missão simples: resgatar o objecto roubado a um milionário e que, subitamente, todos procuram pois ameaça perturbar o status quo económico. Montebahia é confusa e inóspita, mas deixa-nos com saudades por mais, bem como a sensação de que, ainda assim, é mais digerível do que o nosso mundo. Recomendado.

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02 Agosto 2021

Um rápido destaque para a retoma da e-zine Somnium, publicação oficial do Clube de Leitores de Ficção Científica do Brasil, com organização do incansável Marcelo Bighetti, num número 116 magnífico sobre pandemia e esperança: 19 contos em mais de 200 páginas. Lá pelo meio, aparentemente, surge um certo português que aqui não nomeamos. Boas leituras de verão!

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