Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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16 Outubro 2019

Da Posologia Invariada, um texto sem prazo de validade.

FC é um potenciador do metabolismo do córtex cerebral, com base no raciocínio indutivo, um princípio activo da família de pré-cognição semiótica. Especialmente indicado em casos de depressão ligeira ou crónica, estados de ansiedade perante o ritmo de mudança social, apatia, desinteresse, sentimentos de culpa, falta de iniciativa ou dificuldades de concentração. Actua como bloquador da enzima MAO (mono-amina-oxidase), permitindo um aumento do nível da feniletilamina (PEA) e neurotransmissores associados, com particular incidência na norepinefrina, dopamina e serotonina. Como a acção metabólica do raciocínio indutivo se efectua sobre as substâncias naturalmente produzidas pelo cérebro, não interfere com o desempenho de outras substâncias anti-depressivas que tenham como principal contra-indicação os agentes inibidores da MAO, embora torne redundante o seu uso. A posologia varia consoante o paciente, embora se recomende, nos primeiros meses do tratamento, a leitura de um ou dois contos por dia, podendo ser acompanhada pela leitura de um romance ou visionamento de um documentário científico, semanalmente. Nesta primeira fase dever-se-ão evitar filmes e séries televisivas, excepto com aprovação do entusiasta credenciado responsável pelo tratamento. Em regra geral, FC conduz a uma rápida melhoria do estado psicossomático do paciente, tornando-o interessado, culto, atento, aumentando a sua capacidade de concentração e de raciocínio. Efeitos secundários conhecidos podem manifestar-se como afastamento de grupos sociais que não tenham estado expostos ao princípio activo do tratamento, preferindo associar-se entre si nos chamados "fandoms", tendência para projectar factores de mudança sobre o meio ambiente circundante, e uma genuína incapacidade de se sentir surpreendido por progressos tecnológicos e polémicas associadas sobre os quais já tenha tido ampla discussão na literatura.

(in Indice Nacional Terapêutico, edição de 2005)

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23 Junho 2018

Colecção Barbante , assim designada para fazer lembrar os tempos em que as novelas chamadas de folhetins (porque de folio ou folha ou edição rudimentar) se vendiam a trocos de reis, expostas em cordeis ao lado do alho-porro e dos chouriços de sangue (imagem literária que serviu de inspiração a Bram Stoker, aquando da passagem por Lisboa, para a figura do vampiro, que só não se designou por marialva porque nenhuma das varinas falava inglês*). A malta da Imaginauta recuperou esta tradição e imprimiu artesanalmente em computador uma série de contos (ditos curtos porque chamá-los de anões é correctamente impolítico) que andaram à venda nos festivais (da literatura, os únicos em que o Tony não canta) por aí e acolá. Duda Falcão com «A Criatura do Travesseiro» (curto e eficaz), «De onde veio a máscara?» de Rui Bastos (circular e sanguinolento q.b.), «Deus à presidência» de Aldenor Pimentel (que o povo consegue depor, ao contrário de outros). «Uma última volta» de Ana Luz (que viaja por dentro como qualquer texto entre capas), e «O Duende delegado» do Luís Melo (que, como é hábito, nos diz muito mais do que nos conta). Oxalá venham mais e mais e mais (até perfazerem uma antologia como esta).

(*) E se for verdade?

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