Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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02 Dezembro 2007

CHARLES STROSS em mais uma leitura pública, desta feita nas instalações do Google. Halting States, o romance mais recente, é uma obra sobre as comunidades de jogadores online. Neste universo obviamente imaginado (EUA) os autores fazem tours de promoção das obras, directamente ao público que melhor as apreciará. No nosso universo real, autores-celebridade aparecem em prime time para fazerem queixinhas que um determinado crítico não gostou deles... And so it goes.

(Observação de autor: atentem no modo como Stross utiliza o recurso do narrador na 2ª pessoa, sempre muito difícil e arriscado de conseguir na ficção.)

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02 Dezembro 2007

NA SENDA DOS AUDIOLIVROS, que estão a ser alvo de interessantes campanhas de marketing neste Natal (das editoras 101Noites e Boca, pelo menos), surgiu nos Estados Unidos esta tendência de produzir podcasts de leitura de ficção, que são basicamente séries de ficheiros áudio disponibilizadas regularmente na internet, em conjunto com uma lista de actualização que alerta o software de reprodução da existência de novos programas, e que se tornam, não só numa forma inovadora de constituir um canal de rádio bastante personalizado, como num meio adicional, e bastante íntimo, de divulgação de autores e livros. Ouvir livros falados não é para toda a gente, e há mesmo quem rejeite a ideia logo à partida - talvez não tenham sido sensibilizados para o facto de que, se alguns livros não podem nem devem ser lidos em voz alta, outros adequam-se naturalmente a este veículo, e perfeitamente ocuparão os momentos mortos nos transportes de e para casa. Na prática, em termos comerciais, o que se procura aqui é ultrapassar a barreira física do processo da leitura, e ocupar, com o consumo de ficção, as horas do dia em que a vista está ocupada mas a audição livre. Mais horas de consumo igual a crescimento do mercado? Assim se espera. Pessoalmente, tenho algumas ressalvas quanto à viabilidade das iniciativas mencionadas acima, não porque pense que os audiolivros não seriam aceites pelo nosso mercado, mas porque ainda não contemplam a definição do mercado, não investem decentemente em tornar o audiolivro cool. E certamente que não será pela publicação de textos clássicos (Pessoa, etc.) que isso acontecerá. Embora não quisesse cair na tentação da postura «se fosse eu, faria assim», a estratégia assumida parece-me ter falhas de abordagem tão óbvias que, se fosse eu, teria, em simultâneo com os lançamentos, produzido um podcast regular com excertos dos audiolivros produzidos e a leitura de textos pequenos e inéditos, mesmo se submetidos por autores desconhecidos. Teria criado um pequeno DN Jovem em formato áudio, e começar a dar apetência à geração actual de ler ficção pelos tímpanos. Demoraria algum tempo, obviamente, mas com os recursos correctamente aplicados, e com alguma criatividade, poderia tornar-se num espaço que, no decurso de um ano, tivesse um público de largas centenas de interessados. Sem pensar no facto de muitos ouvintes preferirem que as obras sejam lidas pelos próprios autores. E de que surgiriam pérolas criativas, fruto da vontade dos jovens escritores, quererem fazer mais e melhor. Explorar os limites das novas tecnologias, que dominariam. Mas talvez esta minha visão seja apenas, e mais uma vez, o fruto da minha fraca opinião da capacidade da nossa lusa cultura de aceitar inovações sem reservas. Fiquem-se com uma entrevista ao editor Stanley Schmidt, grão-mestre da Analog há mais de vinte anos, no site do Paul Levinson.

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