Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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25 Julho 2007

O QUE ANDO A ESCREVER. Segurou-se às amarras mais próximas. O animal aproximou-se rente à superfície das ondas, uma abordagem lenta e surpreendentemente delicada para tamanho porte. O pescoço articulado adiantou-se. No extremo deste segurava-se uma cabeça esguia e um par de olhos destacados, negros.

O ser ergueu-se, passou a rasar por cima deles, volteou no ar, desceu, e fez nova passagem. O pescoço articulado permitia que a cabeça se mantivesse fixa e estável sobre um alvo, mesmo em movimento, compensando os movimentos rotativos das manobras. Durante todo o tempo os olhos mantiveram-se postos no viajante.

Finalmente voltou a ganhar altura, apresentando a bolsa da cauda ao vento, que a insuflou. Seguiu pelo caminho que eles também percorriam, em direcção ao porto, à cidade.

O viajante encarou desconfiadamente os companheiros de viagem. Estes devolviam-lhe a atenção com um misto de curiosidade e divertimento. Sabiam o que tinha acontecido.

Aqueles pássaros deviam ser olhos do grande colectivo. Escutas aéreos para recolher informação.

Se abrigara o desejo, mesmo por instantes, de chegar incógnito ao porto de Boston e assim entrar num dos poucos pontos de contacto do território ocupado e oculto das Américas com o mundo exterior, essa possibilidade tinha acabado de expirar. Os Angst sabiam que chegara. E se um deles sabia, em breve todos saberiam.

A história tinha início.

(Estreia em Novembro)

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24 Julho 2007

GOSTARIAM DE HABITAR NUMA CIDADE-REDOMA pimba? David Louis Edelman apresenta 20 razões para tal. Imaginem a versão à portuguesa, com feijão e arroz de cabidela à fartazana, música incessante do Quim Barreiros e do Tony Carreira, longas e intermináveis filas de espera nos serviços públicos onde dez empregados encostados à parede supervisionam o mais lento de entre eles empilhar cuidadosamente os cinquenta formulários necessários por cada inscrição na piscina... o bom é que trabalhar significaria, nesse futuro brilhante, somente premir alguns botões ao longo do dia e passear de um lado para o outro a queimar tempo... embora a nível da política tivessemos de aguentar com «an all-powerful government headed by a charismatic but dim figurehead that operates under a set of hazily defined rules, insists you not question its judgment, and takes care of insurrection by dragging people off to some remote facility nobody’s allowed to see for vague and undocumented punishment.»

Fantástico como estamos tão longe deste estado de utopia.

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