Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


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21 Fevereiro 2007

A MELHOR CRÍTICA sobre o que considero ser, para já, o melhor romance deste ano (e não - para sustentar uma afirmação minha passada que, não reflictindo a totalidade das minhas opiniões sobre o assunto [e talvez por isso mesmo], suscitou alguma polémica - , não é tecnicamente ficção científica, e no entanto utiliza os instrumentos, as técnicas e a abordagem racional da ficção científica com maior segurança e vitalidade que muitos romances ditos do género). O livro chama-se The Terror, por Dan Simmons, e é uma leitura apaixonante (dos raros livros que nesta minha fase da vida me vão acompanhando em viagem e para o qual desejo voltar durante o dia - quando era mais novo não costumava ser tão exigente) sobre a travessia falhada da expedição marítima de Sir John Franklin ao tentar mapear o percurso final da passagem para Ocidente pelos mares do Norte - ou seja, em natureza semelhante à expedição de Fernão de Magalhães (que é alvo da minha contribuição na recente antologia Sombra Sobre Lisboa), com a diferença que Franklin seguia pelos mares gelados do norte do Canadá, com equipamento mais sofisticado em meados do século XIX, maior número de homens, e no entanto falhou. A crítica é de John Clute, mestre do assunto, embora deva avisar que contém imensos spoilers.

(Imagem do Museu McCord de História do Canadá)

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20 Fevereiro 2007

EFEITOS SECUNDÁRIOS das nossas próprias invenções? Chamo a vossa atenção para este comentário, do qual citarei com alguma extensão:

Molecular manufacturing (MM) would greatly boost manufacturing throughput and lower the cost of large products. While some associate MM with smallness, it is better thought of in connection with size and grandeur. Although microscopic killing machines built by MM will definitely become a risk by 2015-2020, the greatest risk will come from the size, performance, and sheer quantity of products. Because a nanofactory would need to be able to output its own weight in product in less than a 12 or so hours or it wouldn’t have been developed in the first place (scaling up from a single molecular manipulator to many trillions requires 33 or so doublings - which could take a long time if the product cycle is not measured in hours), these factories, given raw materials and energy, could produce new factories at an exponential rate. Assuming a doubling time of 12 hours, a 100 kg-size tabletop nanofactory could be used to produce 819,200 kg worth of nanofactory in only a week. As long as the nanofactories can support their own weight and be supplied with adequate matter and energy, they can be made almost arbitrarily large. Minimal labor would be necessary because the manufacturing components are so small, they must be automated to work at all. Regulations and structural challenges from excess height can be circumvented by fabricating nanofactories that are long and wide rather than tall and fragile. Once created, these factories could be programmed to produce whatever products are technologically possible with the tools at hand - at the very least, products at least as sophisticated as the nanofactories themselves. Unscrupulous governments could use the technology to mass produce missiles, helicopters, tanks, and entirely new weapons, as long as their engineers are capable of designing diamondoid versions of these products. Their rate of production, and quality of hardware, would outclass that of non-nano-equipped nations by many orders of magnitude.

Imaginem uma situação de nanofábricas desgovernadas, cuja principal função é transformar tudo o que possa servir como matéria-prima e fonte de energia (compostos orgânicos, compostos metálicos, captação de energia solar ou térmica ou mesmo orgânica) naqueles produtos minúsculos do dia-a-dia: em porta-chaves, canetas, ofertas promocionais, material de escritório, peúgas, telemóveis, apitos, bolas de futebol, jarros, quadros, talheres, cadeiras, guarda-chuvas, calçado, pentes, escovas, antenas, fios eléctricos... tudo o que é consumido em grandes volumes pela actual civilização. Estas nanofábricas estão instruídas para gerar novas nanofábricas, para assegurar o aumento da produção - o efeito de duplicação contínua. Imaginem uma praga destes artefactos em acção num vasto território, consumindo todos os recursos naturais da área na produção de consumíveis inúteis e baratos. Neste cenário, não se torna necessário que o resultado das nanofábricas seja militar ou destruidor - o mais inócuo torna-se letal e sufocante quando em excesso. Os recursos são consumidos à exaustão, as populações obrigadas a fugir, os terrenos literalmente cobertos de tralha não ecológica. Como lutar contra? A intenção não é precaver uma tecnologia nova (a tudo se atribui um bom uso, a tudo se atribui um mau uso) mas encontrar, no espaço da ficção, resultados inesperados, embora congruentes, de alterações significativas do nosso status quo por intermédio da tecnologia.

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Imagem: Eixo Diferencial Molecular, concebido por Erik Drexler e Ralph Merkle em 1995. [link]

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