Co-organizador, juntamente com Gerson-Lodi Ribeiro, de Vaporpunk - Relatos Steampunk Publicados Sob as Ordens de Suas Majestades, Editora Draco (Brasil).
Tradução: O Verdadeiro Dr. Fausto (Jack Faust) de Michael Swanwick, ed. Saída de Emergência.
Conto «Dormindo com o Inimigo» in Dagon! organização de Roberto Mendes.
Conto «Não É o Que Ignoras o Motivo da Tua Queda Mas o Que Pensas Saber» in Brinca Comigo! organização de Miguel Neto, ed. Escrito'rio.
Conto «A Casa de Um Homem» in Imaginários 2 organização de Tibor Moricz, Eric Novello e Saint-Clair Stocler, Editora Draco.
Conto «Dormindo com o Inimigo» in Galeria do Sobrenatural organização de Sílvio Alexandre, Terracota Editora.
Conto «Deste Lado de Cá» e entrevista in Dagon n.º 0 organização de Roberto Mendes, e-zine.
Tradução: A Guerra é Para os Velhos (Old Man's War) de John Scalzi, ed. Gailivro.
Prefácio ao livro As Atribulações de Jacques Bonhomme de Telmo Marçal, ed. Gailivro.
Membro do júri do Prémio Bang! de Literatura Fantástica promovido pela Saída de Emergência.
Tradução: «A Ficção, por Henry James e Roberts Louis Stevenson», de Dan Simmons, in Bang! nº5, Ed. Saída de Emergência.
Artigo: «Antologias, Fantasia & Odisseias», in Bang! nº4, Ed. Saída de Emergência.
Novela: «Aqueles Que Repousam na Eternidade», in A Sombra Sobre Lisboa, Ed. Saída de Emergência.
Tradução: As Crónicas da Espada - O Encontro, de Fritz Leiber, Ed. Saída de Emergência.
Poema: «Sonhos de Planetas e Estrelas», in Linhas Cruzadas, Ed. Portugal Telecom.
Romance, com João Barreiros: Terrarium, Editorial Caminho.
Romance: Vinganças (A GalxMente II), Editorial Caminho.
Romance: Cidade da Carne (A GalxMente I), Editorial Caminho.
Conto: «O Mundo Distante», in O Atlântico Tem Duas Margens, Editorial Caminho.
Colectânea: O Futuro à Janela, Editorial Caminho. [Versão Ebook]
A Recordação Imóvel (conto, 1996) [link] No Coração do Deserto (conto, 1995) [link] A Importância do Conto (artigo, 1991) [link] Curtas Histórias (E Breves Considerações) Sobre a Literatura de Género (artigo, 2012) [link]
Prime Station cycle A cog in the machine [link] A spinner is not a deepdiver [link] A match made in heaven [link]
The truth about the moon landing 1 [link] 2 [link] 3 [link]
Happy(yes)ness [link] Still Memories [link] Nothing is as candid as a clock [link] The flip of a coin [link] A trip to the museum [link] What comes around [link] Science fiction is [link] "My" Bradbury [link]
(Se estou indignado enquanto leitor e autor com a Feira este ano? Claro que sim. Além do disparate da hora de encerramento, mudaram um evento ao ar livre para uma época do ano em que o tempo ainda não está suficientemente estável e quente para assegurar a qualidade da visita. Que fosse necessário inovar pavilhões e alguns outros aspectos do evento, apoiado, eram medidas sensatas e óbvias. Mas o problema de mexer em tradições no nosso país é que nunca se sabe quando parar, e depois não basta corrigir-se o que estava mal, é preciso estragar-se o que estava bom...)
O Conto Definitivo de Ballard, uma versão do «Last Man on Earth» apropriada por muitos autores, entre os quais André Carneiro. O desaparecimento pacífico de toda a vida no mundo, com a excepção do insofismável B, possivelmente irmão do James que atravessa o mundo onírico de Crash. B finalmente no território da sua imaginação, rodeado pelos verdadeiros personagens das suas histórias - os arranha-céus, as autovias, os pilares de betão, os silos abandonados, os acidentes da paisagem -, finalmente libertos da confusão da humanidade. Este era o autor cujo maior pesadelo, afirmava em entrevista, era de esquecer-se de onde vivia e jamais conseguir voltar a casa.
O Dia Em Que Os Robôs Acordaram, uma curta-metragem simpática e interessante que venceu o prémio do público no festival de FC de Londres. Apesar da história algo desequilibrada (havia necessidade de acrescentar a Londres 2.0?), do pouco entusiasmo da voz narrativa, e do monótono antropomorfismo dos robôs (teria sido divertido ver robôs construidos a partir de peças de bicicletas, fogões, chaleiras...), fica a imagem de uma Londres coberta de vegetação, a boa opção da rima, muito depois de termos partido, e um exemplo como se pode fazer uma boa curta de FC para crianças com poucos meios.
Fica aqui uma pequena entrevista à autora a respeito da obra O Flagelo dos Céus (Publicações Europa-América), um romance sobre um rapaz que vai desfazendo os problemas da sua vida simplesmente por sonhar (inadvertidamente) com o seu desaparecimento. Também gostava...
Esta necessidade de efabular um outro desfecho possível de um acontecimento histórico apenas encontra eco no regresso de D. Sebastião e no caso muito particular do exemplo falhado (enquanto exercício de história alternativa, como já tive ocasião de explicar) da conquista da capital aos mouros tal como retratado pela História do Cerco de Lisboa. Para uma terra repleta de passado e mergulhada de cabeça nos feitos de outrora como a nossa, é estranha a necessidade de respeito absoluto e reprodução total dos acontecimentos - sabendo nós que qualquer ficção histórica, por muito rigorosa que pretenda ser, acaba por tornar-se numa versão alternativa dos acontecimentos, nem que seja pela mera suposição que o desenlace e a participação dos intervenientes aconteceu em conformidade com os poucos registos existentes. Os nossos autores respeitam demasiado, subvertem pouco. Precisávamos de obras nas quais os Descobrimentos não tivessem ocorrido, ou tivessem sido ganhos por Castela. Nas quais o Estado Novo nunca se tivesse concretizado. Nas quais o exército napoleónico tivesse entrado e permanecido durante anos. Nas quais Isabel, A Católica tivesse preferido Afonso V ao aragonês D. Fernando e estabelecido uma diferente união ibérica. Na qual Colombo fosse financiado pelo reino portucalense e disseminado a nossa língua pela América do Norte. Ficções histórias baseadas em alternativas razoavelmente possíveis, sem motivações ulteriores e que sejam fruto de uma análise fundamentada - e não reflectindo possíveis fantasias utópicas inverosímeis, ou críticas políticas actuais disfarçadas de romance, como os casos de A.D. 2230 e Euronovela, para mencionar dois dos exemplos mais conhecidos.
Que Portugal teríamos, então? Que povo, que mentalidade? De que feitos nos poderíamos orgulhar? Que futuro se nos depararia? Não basta descrevermos a imagem reflectida no espelho para nos sentirmos caracterizados. Por vezes, há que considerar o que poderíamos ter sido, e perceber quanto de nós se deve à permanência e quanto se deve à circunstância.
Mas comecei, referindo-me à Índia e a coincidências - e não poderia haver maior que encontrar-me profundamente mergulhado no futuro deste país, conduzido pela mão segura de Ian McDonald, adentrando-me nas 600 páginas de River of Gods, a segunda escolha do Círculo de Leibowitz, cuja entrega crítica foi acordado entre os diversos membros participantes ser adiada para Maio (as críticas deveriam ter sido apresentadas ontem) dada a complexidade e extensão da obra. Espero que nos acompanhem igualmente neste clube de leitura.
E No Princípio Eram Os Clássicos, sem os quais não existe o agora da literatura. Por um lado, Philip K. Dick e Beyond Lies the Wub. Por outro, um tratamento muito diferente: «The Man Who Lost The Sea», talvez a primeira das inúmeras ficções que detalham uma primeira incursão ao planeta vermelho que termina em desastre, aqui trabalhada com uma tal maestria da linguagem e propósito que a tragédia se transforma em arte e não num mero acaso de enredo. Eis a diferença entre literatura popular e literatura. Sturgeon ter-se-ia possivelmente estragado num outro tempo, num outro género. Felizmente, escolheu escrever FC. (E já agora, dêem graças todos os dias pela existência da internet e de tudo vos estar assim facilitado; como todos os que viveram na esquecida Idade Offline, amarguei até, por mera coincidência, encontrar uma cópia em n-ésima mão de uma antiga antologia de contos de FC num alfarrabista, na qual se escondia timidamente este conto).
Digamos que eras aquele miudo: digamos, no entanto, por fim, que és o homem doente, uma vez que são a mesma pessoa; serás certamente capaz de entender o motivo pelo qual, embora desfeito, em estado de choque, a sofrer de radiação calculada (à partida) radiação computada (à chegada) e radiação além do suportável (prostrado junto aos destroços da Delta), irias recordar o mar. Pois não há lavrador que manuseie a terra com amor e sabedoria, não há poeta que sobre ela cante, não há artista, construtor, engenheiro, nem sequer uma criança em pranto ante a impossível beleza de um campo de narcisos - nenhum destes indivíduos terá uma relação tão íntima com a Terra quanto os que vivem, habitam, respiram e erram nos mares. Eis os pensamentos que te devem ocupar; os pensamentos que te vão distraindo até te sentires menos doente e seres capaz de enfrentar a verdade.
A verdade, então, é que o satélite que ao fundo se desvanece é Fobos, que as pegadas são as tuas, que não há nenhum mar por perto, que te despenhaste e te deixaste matar e em breve estarás morto. A gélida mão que aperta e detém o teu coração não é a da anoxia nem sequer a do medo, mas apenas a da morte. Logo, se houver algo mais importante do que isto, eis chegado o momento de se revelar.
O homem doente encara a sequência das pegadas que ele próprio fez, testemunhas do seu completo isolamento, e os destroços mais ao fundo, que afirmam não haver retorno, e para o branco leste e o difuso oeste e o satélite pálido e tremelucente no alto. O som das ondas ecoa nos ouvidos. Escuta-lhes o pulsar. Ouve o que resta da sua respiração. O frio cinge o abraço e envolve-o para lá da sensação, para lá dos limites.
Fala, então, berra: que em glória levará o triunfo para o outro lado da morte, como se levasse um peixe grande, como se completasse uma tarefa hercúlea, recuperando o equilíbrio no final de um salto ousado e heróico; e como antigamente diria «apanhámos um peixe» não se refere a si mesmo:
«Deus», berra, enquanto morre em Marte, «Deus, conseguimos chegar!»