Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


03 Fevereiro 2008

PERSONALIDADE DO MUNDO VIRTUAL VÍTIMA DE ATENTADO. Em comunicado oficial da empresa gestora do empreendimento simulado A Verdadeira Vida, foi encontrado assassinado na sua mansão no universo de Chagal o famoso milionário virtual Rasputin Corleone. O comunicado foi efectuado em conferência de imprensa expressamente convocada para o efeito, na qual foram também apresentadas as medidas de segurança pública estabelecidas para a prevenção dos efeitos secundários e detecção dos responsáveis. Esteve presente o director nacional da GNR para universos virtuais, o comandante Josué Simões, que em breves palavras delineou as linhas de acção actualmente em curso pela equipa de emergência constituída para este fim. Segundo o vinculado, o feito decorreu durante a celebração da época de Carnaval no Verdadeira Vida, caracterizada por um habitual incremento de imersão do número de utilizadores do universo virtual, a maioria dos quais o fazem pela primeira vez e que constitui um dos principais modos de angariação de clientes e crescimento da empresa. A solicitação é de tal ordem que, para dar resposta à exigência de novos avatares temporários, universos bizarros de duração limitada, e um ambiente genérico de anarquia conceptual no que é um dos mais conservadores e confiáveis simulacros da vida real, e de acordo com as palavras do porta-voz da empresa, o parque informático chega a estar dedicado a 90% ao evento. Como resultado inevitável, os restantes universos virtuais acabam por sofrer uma perda significativa do nível de desempenho, incluindo a capacidade de monitorização global. O crime ocorreu durante uma das ocasiões de maior acesso de utilizadores, pelo que Chagal – universo proprietário da entidade assassinada – se encontrava com o nível de supervisão mínima e logo não restou um registo definitivo e concreto de como o feito teve lugar. O porta-voz da Verdadeira Vida fez notar que actos de violência extrema contra personalidades do meio virtual são extremamente raros, e que o caso de Rasputin Corleone em particular, enquanto entidade multi-utilizador detentora de imensa riqueza e notoriedade, se tratou da primeira ocorrência registada. Este avatar, que começou como uma brincadeira de dois irmãos de Arruda dos Vinhos e em poucos anos se tornou numa das personalidades mais influentes do empreendimento simulado, detentora de centenas de negócios virtuais, duas dezenas de universos com uma afluência global de duzentos mil utilizadores diários e um património líquido de 50 mil milhões de v-euros (cerca de 3 milhões de euros ao câmbio de hoje), era controlado por cerca de trinta utilizadores-mor em regime de partilha consensual, na sua grande maioria empresários ou multinacionais de elevada importância no mundo real. Entre os negócios conduzidos nos universos virtuais da Verdadeira Vida, contam-se os simulacros de grandes empreitadas de construção para infrastruturas do mundo real (cidades, auto-estradas, aeroportos) que resultaram no ganho de concursos públicos e contratos efectivos, imensamente lucrativos, para os utilizadores em questão. O comandante da GNR indicou que a principal razão deve estar relacionada com um ajuste de contas do mundo real, e que se encontram a investigar sindicatos virtuais e lobbies políticos de extrema-direita. Seja qual for o resultado, o porta-voz da Verdadeira Vida comunicou que, apesar das intensas pressões sentidas em contrário, a empresa não prevê a reactivação da personalidade conhecida como Rasputin Corleone: não só isso iria contra as regras subjacentes à existência do universo, com o risco de subsequente alienação da base de utilizadores, como receavam que aligeirasse o impacto decorrente de um acto criminoso. Segundo o porta-voz, a empresa considerava que o acto era tão danoso como se perpretado no mundo real contra uma vida concreta, e que devia ser investigado pela polícia e julgado com igual seriedade. O desaparecimento de Rasputin Corleone deixou centenas de negócios órfãos de dono, cujos direitos de transmissão, na ausência de legislação apropriada e de um testamento efectivo, irão consumir os recursos legais da Verdadeira Vida durante os próximos meses. [Agência Nacional de Notícias, 03.02.2028]

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02 Fevereiro 2008

A ARGONAUTA ACABOU DE VEZ, de acordo com um comunicado do Nuno Fonseca (recém nomeado co-editor da revista Nova) que só hoje li: «Num passeio pelas livrarias do CCColombo, andava eu à procura por alguns dos últimos números da Argonauta, específicamente por livros de Isidore Haiblum, quando nada encontrando dei em perguntar no balcão da Bertrand por eles, e informaram-me cândidamente que a Livros do Brasil mandara uma circular há dois ou três meses informando que não efectuariam mais a distribuição da Colecção Argonauta. Parece que é desta que a mais antiga colecção de FC do país deu o berro.» Cinquenta anos de história da FC (o primeiro número saiu em meados dos anos 1950) que assim deram o berro, suavemente, sem notícias. As colecções, aparentemente, também morrem no esquecimento, como certas pessoas. Tarde de mais escreveremos a história. Se alguma vez o fizermos... Encontrei-a pela primeira vez nos escaparates de uma mísera loja de praia, aos 12 (?) anos, chamando-me a atenção (imagine-se) o Heinlein («O Número do Monstro», 3 volumes). Grandes momentos passados com Pern e seus dragões, tardes sentadas sob o sol, acreditando intensamente naqueles mundos imaginados com uma entrega sem reservas que não sou mais capaz de recuperar. Aos 15 anos uma queda abrupta de qualidade na tradução e revisão. A separação alguns anos depois, quando o mundo da escrita em inglês invadia e dominava a minha atenção até à quase exclusividade. E depois um lento definhar (idiota, a meu ver) até a colecção morrer de um derradeiro suspiro não anunciado oficialmente. E em todos estes anos (conforme é minha «tese» da introdução à Por Universos Nunca Dantes Imaginados), também uma colecção de exclusão e rejeição da FC portuguesa, por nunca admitir um autor nacional na sua lista de 600 e tal títulos, e só recentemente Márcia Guimarães, uma brasileira, ter conseguido romper o crivo editorial, com infelizmente, uma obra que deixa muito a desejar. Em 50 anos, aquele que poderia ter sido um veículo-mor de incentivo do fantástico nacional excusou-se a esse dever, e tivemos nós de aguardar até ao século XXI para finalmente termos uma horde de autores regulares e mercado em crescimento.

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31 Janeiro 2008

«FREE THE INTERNET» TEVE HOJE INÍCIO, Desde a primeira hora do dia que «Free the Internet» invadiu o espaço virtual e se encontra a ser difundido por todo o mundo, na internet e inclusive em centenas de canais televisivos e radiofónicos tradicionais. Considerado como o evento mediático internacional de maior audiência de sempre, esta maratona de quarenta e oito horas ininterruptas reúne as capacidades criativas de milhares de bandas musicais, realizadores, escritores, desenhadores, actores, duplos, cronistas, bloguistas, observadores informados, fotógrafos, pintores e artistas plásticos de todo o mundo, que partilham a característica comum de serem criadores individuais em início de carreira ou pouco conhecidos. Manifestam-se contra a tendência política para controlo do acesso e publicação de conteúdos na internet, surgida em consequência do ataque nuclear terrorista na Califórnia e que já teve como efeito a aprovação de leis estritas na América do Norte e na China, e a respectiva discussão nos parlamentos da União Europeia e da Orla do Pacífico. Segundo os criadores envolvidos na manifestação, a restrição à liberdade de expressão no mundo virtual apenas resultará na criação de elites culturais e na censura activa de opiniões divergentes da oficial, à semelhança do que acontecia na era dominada pela televisão. Não foram assim convidadas nenhuma das celebridades actuais, embora muitas tenham apresentado publicamente o seu apoio. Os manifestantes propõem-se assim a criar uma obra de arte global, durante estes dois dias, disponibilizando a totalidade da sua produção artística já existente para consulta e apropriação livre e gratuita por parte do público, e criando ao vivo novas obras no decurso do fim de semana. Não se limitando ao espaço virtual, colectivos de artistas sairam à rua para se exprimirem, pintando murais, declamando textos, organizando concertos, performances transmitidas em directo pela internet. E de acordo com o hábito associado a eventos assumidamente mundiais, teve início ao soar da meia noite no meio do Pacífico e terminará amanhã no extremo oriental do Alasca, no último minuto do domingo. Por isso, se tinha planos para este fim de semana, sugerimos que reconsidere e sintonize o seu computador. [Agência Nacional de Notícias, 31.01.2015]

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26 Janeiro 2008

DA VASTIDÃO DESTE OCEANO VIRTUAL um conjunto de memes para vossa consideração: Paolo Bacigalupi é entrevistado pela Wired sobre os motivos que o levaram a escrever FC - destaque para um telefonema bastante bizarro de um autor que não o é menos, e uma das melhores respostas à tentativa de apreciação crítica do entrevistador («Did you travel throughout Southeast Asia?», «Yeah.», «It was one of my questions on my list because I noticed that your stories happen all over the world. I was noticing that you had a real sense of...», «I faked it, right?»). Paolo recentemente explicou de forma detalhada o processo pelo qual um conto seu foi concebido. Compare-se este com o resumo das lições aprendidas por Jeff VanderMeer no decurso da produção de uma longa novela passada no universo dos Predadores, e ficarão com um brevíssimo how-to para se iniciarem nas lides literárias (e face às recentes movimentações do nosso mercado, e às que estão para vir, a posição de autor parece ser mais vantajosa no futuro do que a de pequeno editor...). Quem não gosta de pagar por cultura, já pode ficar com mais uns euros para desperdiçar numa discoteca, uma vez que Jeffrey Thomas disponibilizou uma versão gratuita do romance Deadstock, que decorre em Punktown, um vilarejo americano onde cai a escumalha do universo. Também gratuita, a leitura que Ursula Le Guin iniciou no seu site de algumas das suas peças - poemas, excertos de romances; para quem, como eu, já a tinha ouvido ler anteriormente com imenso prazer, esta experiência tem-se revelado uma inesperada desilusão. E Alastair Reynolds, que recentemente critiquei de forma menos positiva, promove a sua noveleta recentemente nomeada para o Prémio Britânico de FC, The Sledge Maker's Daughter. Terminamos esta incursão com um longo documentário sobre a vida e obra de Philip K. Dick:

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25 Janeiro 2008

DA PERENIDADE DAS COISAS TÉCNICAS. Nem bem o João agraciava a iniciativa que desde o início do ano vinha a desenvolver neste blogue (e que, como é costume na nossa blogosfera do género português, àparte esta honrosa excepção, tinha sido recebida com a inevitável indiferença ou incompreensão, e quase certamente continuará a sê-lo...), quando um problema de ordem técnica (modem) me impossibilitou o acesso à internet durante alguns dias. Um manancial de informação residente por esse mundo fora, e continuamos a precisar de linhas telefónicas para comunicação e de um descodificador de emissão e leitura de bits... Não estamos muito longe, afinal, do ZX Spectrum e das sinfonias pós-modernistas de cinco minutos das suas cassettes. É da natureza dos mecanismos falharem. Por quebra, desgaste, acumulação de erros, a acção do tempo. Não poderia haver melhor indício de que a nossa tecnologia ainda se encontra na fase de infância do que o precisar de uma vigilância contínua, do olhar avaliador e das mãos hábeis dos engenheiros, arquitectos e outros técnicos, como pais de um recém-nascido. Profissionais que investem a sua vida - e por conseguinte, são um investimento da sociedade - no conhecimento pormenorizado das engrenagens e ligações electrónicas que fazem andar as máquinas que sustentam o actual contrato social. Eles sabem que não se trata de mágica, mas que tudo se encontra colado de forma muito frágil e perene. Que um abanão violento fará soçobrar grande parte do edifício - ruínas na bolsa, transacções financeiras impedidas ou enganosas, desvio fatal de transportes aéreos, sobreprodução de materiais supérfluos... as decisões nas quais baseamos importantes actos da nossa vida dependem do correcto funcionamento destes mecanismos e na eficiente transmissão de informação. E cada vez mais assim é. E no entanto, se um carro se avaria, se um computador começa a soltar fumo, se uma televisão de repente passa a transmitir programas de qualidade e a legendar as comunicações políticas com disclaimers pertinentes, sabemos que algo correu mal. Na maior parte dos casos, necessitamos dos cuidados de um especialista. Na maior parte dos casos, a máquina não se sabe reparar a si mesma, não tem mecanismos de auto-avaliação e substituição. Ao contrário dos nossos corpos, que são máquinas de precisão extremamente complexas, conjugando sistemas díspares e que no entanto conseguem trabalhar em conjunto para a sustentabilidade de um organismo superior (inclusive aquele tipo que passa os fins de semana de cuecas a coçar o baixo-ventre, a beber cerveja e a arrotar, enquanto resultado de milhões de anos de evolução e de uma crescente complexidade, é digno de admiração...), a qual requer a existência de sistemas defensivos e auto-reparadores (caso contrário, em breve cairiamos vítimas de todas as doenças e maleitas que nos afectam, e as mais pequenas quedas, cortes e acidentes deixariam marcas que nunca iriam sarar). Enquanto as nossas máquinas não tiverem a principal característica de autonomia - auto-reparação, procura de fontes energéticas para funcionamento -, enquanto estiverem dependentes de nós, nunca constituirão uma tecnologia madura, eficiente e com real capacidade de sustentação da humanidade. A Ficção Científica na maior parte ignora isto. É muito rara a história que compreenda a natureza falível dos mecanismos. Mesmo os pós-ciberpunkicos do mundo virtual, Doctorrow e Stross entre eles, pressupõe um nirvana de contínuo uptime, no qual os sistemas estão continuamente ligados entre si e não padecem de problemas de largura de banda, necessidade de chaves de descodificação e autorização, e tudo é livre e democrático. Na Galactica, no meio do espaço, no vazio absoluto do universo, em que a tecnologia é absolutamente essencial para a existência de um ambiente propício à vida, continuamos a encontrar engenheiros a reparar fisicamente uma nave sem fábricas de peças de substituição, numa atitude própria do paradigma tecnológico do século XX (lá nos atiram com a desculpa de desmontar navetas e passar as peças de umas para as outras, como se nunca existissem problemas de compatibilidade nem houvesse a possibilidade de uma falha sistémica de um componente-chave comum ao modelo em questão). A máquina doente não sara. Não se reconhece como doente. Não percebe que o espirro é um sintoma. Não distingue entre vida e eutanásia. A Ficção Científica devia ter isto em consideração (e agora, com internet recuperada, o projecto Anteficções - Histórias de um Porvir Lusitano continuará de boa saúde, obrigado).

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17 Janeiro 2008

PORTUGUÊS CONQUISTA MEDALHA DE OURO INCREMENTADA. António Soto conquistou ontem o lugar cimeiro do pódio nos Jogos Olímpicos Incrementados a decorrer em Santiago do Chile na modalidade de maratona-extensa. Percorrendo os setenta quilómetros regulamentares em pouco menos de cinco horas, António chegou à meta adiante dos colegas do Bostswanna (Emidh Zareg) e do México (Luíz Alvares), segundo e terceiro lugares respectivo. Esta é a primeira vitória internacional para o jovem atleta português, que já se sagrara campeão nas maratonas incrementadas de Vila do Conde em 2015 e da Bacia do Tejo em 2016. Embora não tendo conseguido quebrar o recorde mundial que o americano Joshua Mirales estabeleceu na edição anterior dos Jogos Olímpicos Incrementados, António mostrou-se no entanto muito contente com a vitória e com o seu próprio desempenho, comunicando à imprensa que tinha sido fundamental o programa inovador de incrementos a que havia sido sujeito. Destes, destacou em particular a combinação cuidadosamente estudada de intensificadores de reparação de microdanos musculares, oxificadores de gordura e reconversores de glicose da farmacêutica NovAtleta, e dos novos gels energéticos de consumo duradouro da empresa alimentícia Estroia, vocacionados para os profissionais da competição desportiva. O progresso de Soto foi também monitorizado por sensores corporais da 1Body1Soul, um novo sistema de acompanhamento biométrico remoto com a possibilidade de informar a evolução de uma centena de indicadores de desempenho motor, quase o dobro dos sistemas vigentes, com uma taxa de actualização e resposta na ordem dos cinco segundos. Esta combinação vencedora permitiu, não só ao atleta manter o ritmo por períodos mais longos com um consumo de glicose constante, como possibilitou aos treinadores dosearem com maior precisão a libertação de estimulantes, sais e outros elementos na corrente sanguínea do atleta no decurso da prova, à medida que seriam necessárias. Com esta vitória internacional, Soto irá decerto tornar-se no novo rosto publicitário das empresas de vida incrementada. [Agência Nacional de Notícias, 17.01.2018]

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MAIS DOS MELHORES. E depois de Dozois, agora é Rich Horton, cujas antologias separam tematicamente Ficção Científica dos contos de Fantasia, a apresentar a selecção das melhores histórias curtas do ano passado.

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APRESENTADO PRIMEIRO CÃO FALANTE. Numa cerimónia promocional que teve lugar no Pavilhão Robótico das Azenhas do Mar, a multinacional YourHumanPet apresentou à imprensa a nova gama de produtos de mascotes e acompanhantes não-humanos inteligentes. Resultado dos mais recentes avanços em neurobiologia e engenharia genética, a empresa investiu milhões de euros em pesquisa e desenvolvimento de uma gama de animais domésticos com a capacidade de comunicar intelectualmente com os donos. Dotando os referidos animais, essencialmente cães e gatos de raças seleccionadas, de cordas vocais humanas simplificadas e de uma capacidade cerebral incrementada na área específica da linguagem, a iniciativa teve como objectivo desenvolver-lhes a capacidade de poder interagir através da fala humana. Foram então convidados os representantes de imprensa a estabelecer contacto com os animais presentes na ocasião e efectuar-lhes solicitações. Conforme advertiu o porta-voz da empresa, não seria possível estabelecer conversas cognitivamente complexas, porque o vocabulário é limitado e a mentalidade equivale à de uma criança de quatro ou cinco anos. E de facto, quando inquiridos nessas áreas, os animais não souberam responder, embora tivessem sido solícitos quando se lhes pedia para irem buscar um jornal, umas sandálias, uma cerveja, desligar a televisão, abrir a porta, ligar o forno ou efectuar algum outro pedido semelhante com algum dos artigos presentes para efeitos de demonstração. Foram extraordinariamente atenciosos quando se lhes pedia para lamber as mãos dos jornalistas ou saltar-lhes para o colo, e não se coibiam de anunciar que tinham fome ou queriam afagos. A empresa mostrou expectativas muito positivas de penetração no mercado, e no final apresentou um teaser das gamas dedicadas à classe alta (essencialmente a nível de equíneos de lazer e competição) e à agricultura (animais de pasto). Logo, já sabe: o seu animal de estimação perceberá quando lhe pedir as pantufas, mas ainda não é desta que o vai convercer a ler-lhe o tal livro em voz alta... [Agência Nacional de Notícias, 16.01.2021]

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15 Janeiro 2008

CASA VERDE NA COSTA PORTUGUESA. António e Maria Silveira, ele natural de Pegões, ela proveniente de Pampilhosa, não são apenas mais uma história de um namoro de faculdade que terminou em casamento. Ambos doutorados em Biologia, foram nomeados representantes portugueses do projecto europeu Habitar na Natureza, a par dos seus congéneres britânicos, italianos, franceses e polacos, cuja missão era determinar soluções para tornar os espaços citadinos mais amigos do ambiente. «A cidade é um organismo complexo», afirma António Silveira, «como nós próprios somos, e tem necessidades iguais a nível de obtenção de alimentos, processamento e uso, e depois expulsão.» As oportunidades de melhoria acontecem então «a cada passo deste processo, e o projecto devotava-lhes áreas específicas.» Uma das abordagens propostas pelo projecto era a obtenção inicial de um conjunto de medidas de rápida implementação, e que atacassem os problemas mais urgentes. O casal decidiu tentar reduzir o nível de dióxido de carbono da atmosfera, para contrapôr as emissões diárias produzidas pelos espaços citadinos. Recorrendo a desenvolvimentos recentes na síntese de plantas com eficiência acrescida no processo de crescimento, propuseram a criação de um organismo celular quase totalmente composto por clorofila, que seria utilizado para revestir as paredes das casas e dos prédios, aumentando para todos os efeitos o que se denomina por área verde das zonas residenciais. De espessura ínfima, para não causar impacto significativo no nível de luminosidade captado pelos arranha-céus, o organismo, desenvolvido a partir de uma trepadeira comum geneticamente modificada, encontra-se em fase de protótipo, estando a ser experimentada a sua actuação e medidos os resultados nos terrenos da Universidade de Varsóvia. O casal Silveira, contudo, está bastante confiante na sua criação, e pediu autorização para cobrir a nova moradia da Ericeira e expandir o grau de pesquisa. [Agência Nacional de Notícias, 15.01.2013]

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14 Janeiro 2008

RECOLHA DE AMOSTRAS GENÉTICAS CHEGA A SANTA COMBA DÃO. A iniciativa europeia Man From the Beginning, que se propõe criar um arquivo genético da evolução das sociedades humanas pela recolha de material biológico encontrado em escavações arqueológicas e cemitérios antigos, irá na próxima sexta-feira dar início à exumação do corpo de António de Oliveira Salazar, o antigo ditador português, agora que se aproximam os cinquenta anos sobre o seu falecimento. Segundo o representante da equipa de investigadores, a obtenção de amostras de personalidades conhecidas do passado recente é «importante porque existe um enorme conjunto de informação sobre a sua vida, personalidade e obra, a qual podemos cruzar contra a estrutura genética que as caracterizou.» Os cientistas pretendem assim investigar o fenómeno do surgimento de figuras de liderança a nível biológico, de forma a complementar os estudos de comportamentos sociais e culturais, e tentar encontrar «traços comuns que possam ter contribuido para o respectivo surgimento.» Nesse mesmo sentido, irão procurar exumar outras personalidades europeias do século passado, como Churchill, Estaline, De Gaulle, Ceauşescu, em detrimento de outras mais antigas sobre as quais subsista dúvidas na autenticidade dos restos mortais. Estranhamente, não se verificou oposição significativa das entidades culturais e políticas do país, e mesmo os grupos de esquerda clássica emitiram um breve comunicado sobre o assunto, minimizando o acontecimento e chamando a atenção para as opiniões da comunidade de cientistas que se pronuncia contra a irrelevância de novamente se tentar procurar tendências genéticas para explicar o que já é perfeitamente justificado pelas teorias de dinâmica social, e no processo consumir fundos que seriam melhor utilizados noutros fins. Seja como for, o município de Santa Comba Dão prepara-se para benefeciar da publicidade inesperada e aumentar as receitas da região, tendo preparado uma forte e provocadora campanha publicitária, a par de um conjunto de festividades musicais para as quais já foram vendidos acima de dois mil bilhetes. [Agência Nacional de Notícias, 14.01.2020]

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12 Janeiro 2008

O MELHOR DOS MELHORES, ou pelo menos uma das mais fiéis tradições deste processo selectivo: Gardner Dozois acaba de anunciar a lista de contos que farão parte do seu Best Of dedicado a 2007. Os nomes habituais encontram-se presentes - Silverberg, Sterling, Baxter, Chian, Asher... um dos últimos grandes e respeitados bastiões de defesa da Ficção Científica enquanto género puro e inadulterado contra o excesso da fantasia comercial e de índole juvenil que todos os anos é responsável pelo abate de florestas. Entretanto, pela minha parte continuo numa lenta incursão pela edição referente a 2006. Em breve novas apreciações.

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A MONTANHA QUE PARIU... A BYBLOSVários blogues seguiram os preparativos da abertura da maior livraria de Lisboa, destacando conceitos inovadores de venda, uma selecção alargada e a história do fundador que não se queria separar de vez da indústria. O burburinho resultou, e durante as minhas férias no outro lado do mundo ia acompanhando, sempre que possível, a evolução da ocorrência. Perdi a inauguração mas não os comentários de alguma desilusão que a acompanharam. Obviamente que quando voltei, quis comprovar pessoalmente. E fiquei bastante decepcionado.

Para começar o acesso é complicado (para quem mora em Lisboa o metro mais próximo é o do Rato, e há que subir toda a encosta das Amoreiras; para quem vem de fora, é obrigado a estacionar no centro comercial mais próximo porque é quase impossível encontrar estacionamento disponível na rua, sair do conforto deste e atravessar ruas estreitas e estradas movimentadas sob o frio de Janeiro). Apenas curiosos e grandes apreciadores irão visitá-la com recorrência, quando se esgotar o efeito novidade. Contudo, isso nunca seria, para mim, factor de desmotivação, se porventura a livraria me agradasse. 

Infelizmente, quem concebeu a loja devia sofrer de claustrofobia aguda porque parece ter tido uma única orientação em mente: espaço livre. Não apenas espaço livre mas muito espaço livre. Ou seja, pegou-se numa livraria de bairro (pequenina e acolhedora, os livros apertados uns nos outros nas estantes, que cedem ante o peso de tantas letras juntas, duas ou três mesinhas baixas a separar a porta e o vendedor) e soprou-se; resultado: os mesmos livros encostados e enfileirados na parede, a mesma meia-duzia de mesinhas baixas ao longo da superfície - e todo aquele espaço entre eles. No entanto, ao inflaccionar assim, ficou como a rã da história, inchada. 

O gestor e o leitor que habitam em mim ficaram decepcionados em igual medida.

Enquanto gestor, entendo que um metro quadrado de superfície comercial não é um metro quadrado de fonte de rendimento. Não é o corredor que vende, mas a estante que mostra o livro que o comprador adquire. O corredor existe para o comprador ter acesso à zona da loja em que este livro reside, logo o corredor é necessário - mas é um custo. Não há nenhuma livraria do mundo (que eu conheça) que convença os leitores a pagar pelo previlégio de percorrerem os corredores. «Gostei muito da secção das traseiras, aqui estão dez euros». Uma livraria vende livros, os livros estão expostos em estantes ou mostruários, estas estantes e mostruários é que são espaços com potencial de rendimento porque expõem mercadoria - rendimento que paga as contas da loja, paga aos empregados, paga ao dono do centro comercial que por sua vez paga aos empregados de segurança e aos de limpeza, paga aos distribuidores, paga aos editores, paga aos autores, e permite a todos estes elementos envolvidos na cadeia de valor terem uma casa, uma família, filhos, e tentarem encontrar um pouco de felicidade neste mundo que sabemos insensível e tecnocrata. 

Por outro lado, poucos serão suficientemente masoquistas para se aventurarem com frequência em lojas apertadas, a cheirar a mofo e desconfortáveis. Neste aspecto, o espaço livre da zona comercial transforma-se de custo em investimento, possibilitando ao comprador uma experiência agradável, confortável, um «bom ambiente», que o coloque na predisposição de largar os cordões à bolsa como o vinho, rosas e um Ferrari colocarão uma super-modelo na disposição certa (mal sabe ela que o Ferrari é alugado...)

Outra forma de tornar o espaço livre em investimento é de colocar publicidade (discreta e inteligente) na forma de cartazes, animações ou pequenos engenhos divertidos que chamem a atenção para este e aquele livro.

Enquanto leitor, adoro estar rodeado de livros por todos os lados; aventurar-me entre fileiras estreitas de duas estantes contíguas e percorrê-las com prazer à procura de uma novidade desconhecida, daquela discreta obra que passou injustiçada debaixo do radar dos críticos. E que hajam muitos e muitos corredores desses, para que a experiência se possa adentrar por um agradável início de tarde.

Quando se entra na Byblos, no piso inferior, dedicado à ficção, e após a zona de jornais e revistas, com uma selecção agradável, encontra-se espaço amplo. Muito espaço, muito amplo, cortado a meio pelos acessos ao piso superior. Surgem no caminho uma ou outra bancada larga exclusivamente constituida pelo Rio das Flores e pelo Sétimo Selo, o que parecendo que não, é espaço comercial desaproveitado, pois instintivamente afasta quem não está interessado neles ou já os tenha (e convenhamos, senhores, não é por ver cinquenta exemplares da mesma obra empilhados em formato de bancada redonda que de repente me vai apetecer comprá-los - a não ser que por uma razão bizarra eu precisasse de colocar em casa uma mesa feita a partir de livros do Miguel Sousa Tavares...) Para chegar aos livros é preciso caminhar ainda um pouco ao longo de espaço vazio, passar pela entrada do auditório (que me pareceu pequeno comparativamente aos exageros do resto da loja) e finalmente atingir estantes dignas do nome. E nestas os livros estão enfileirados como manda a lei, de lombadas viradas para fora. Encostados às paredes. 

Olha-se em volta. As novidades imediatas estão amplamente destacadas, mas... onde estão os livros que acabaram de sair das «novidades», onde estão as edições de há seis meses, o que são fins de edição? Afinal, o conceito de novidades fica-se pelo da livraria tradicional? Um casal jovem ri-se de embaraço junto da secção Gay&Lesbian, que as Fnacs já tinham inaugurado em Portugal e que não surpreende ninguém que esteja habituado a viajar. Por outro lado, as pessoas pegam em livros, folheiam-nos? Não vejo assim muitos compradores interessados, a maioria aguarda que o parceiro se despache, mas admito que possa dever-se a ser tarde de domingo. Pelo menos, as crianças adoram, é vê-las correr dum lado para o outro. Os pais também, porque as podem seguir ao longe. Talvez a livraria possa servir também como jardim infantil e ganhar algum dinheiro extra.

Entre as paredes, o espaço interior da loja. Algumas estantes, algumas mesas baixas, daquelas irritantes à moda das Bertrands que nos obrigam a curvar para chegar aos livros. Estão colocadas, não em fileiras para maximizar o espaço de venda, mas de forma oblíqua, como se tentassem esconder preencher espaços vazios. Diz-se que a loja inaugurou com metade da oferta que pretendia - isso nota-se, e desagrada.   

O que corta qualquer possibilidade de acolhimento e intimidade. O Zé Mário disse que encontrou mini-livrarias dentro da livraria, mas a única que se assemelhava a tal era a da zona infantil - em todas as restantes o comprador é obrigado a estar virado para a parede, para as prateleiras na parede, com a cabeça deitada para discernir os títulos das lombadas. Uma prateleira temática não constitui para mim o conceito de mini-livraria, apenas de prateleira temática - é como organizo os livros cá em casa. 

(E continuo sem perceber porque estes espaços comerciais colocam a mercadoria de forma a que o comprador tenha de ficar de costas para o interior da loja e na linha de visão directa de mais mercadoria... teoricamente, quem saiba ao que vem pode entrar na loja, dirigir-se à parede das novidades, tirar o livro, pagar à saída sem nunca se aperceber dos restantes livros nem das interessantes ofertas que havia lá mais para o fundo...)

Falou-se também das novidades em termos de informatização e de um braço-robô que consegue seleccionar obras que não estão em exposição. É o mesmo tipo de braços-robô usados para armazenar tapes em centros de informática, e garanto-vos que perdem a novidade ao final de alguns minutos. Quanto à procura de livros em ecrans de computador, isso consigo fazer no conforto do lar, e inclusivé adquiri-los sem tirar as pantufas. Se venho a uma livraria, é para contactar fisicamente com os livros, ouvir opiniões dos livreiros, percorrer os títulos à procura de algo que me desperte o momento. Se venho a esta livraria quero algo mais que as outras não me darão - muita oferta, uma selecção diverisificada e presente, ter acesso àquele livro que se falava em 2005 e que só hoje me apeteceu ler... 

Não perdi muito tempo no piso de cima, mas agradou-me mais, era mais pequeno e a oferta parecia melhor distribuida. Ficou no entanto a sensação de ser apenas mais uma loja, mais uma livraria, cuja oferta não se diferencia das restantes, que têm mais fácil e confortável acesso, ou sequer de uma Webboom electrónica.  

A minha atitude é de aguardar para ver. E de desejar boa sorte ao projecto. Afinal, é a única livraria do pais com ousadia suficiente para separar o género «Fantasia» do da «Ficção Científica» em secções individualizadas, e com a inteligênia (que espero não tenha sido distracção) de misturar, nestas, edições nacionais e importadas lado a lado. Entendo que esteja ainda a crescer, e que precise de solidificar-se. Espero que apostem em construir um catálogo vasto, e que encham o espaço com estantes corridas repletas de oferta. 

Por outro lado, é também possível que esteja influenciado pela forma de fazer norte-americana. A fotografia da esquerda foi tirada em Dezembro passado numa das maiores lojas da cadeia Chapters-Indigo, ao final do dia, e apresenta o piso zero do lado este (como curiosidade, a primeira meia dúzia de corredores dedicam-se exclusivamente à Ficção Científica - a secção de Fantasia ficava logo a seguir, e a de Terror ao fundo da loja). Não se deixem enganar pela baixa resolução da imagem. O espaço é bastante agradável, simpático e com uma iluminação eficiente que não cansa. É amplo e recheado de livros a perder de vista. Muitos e muitos e muitos livros, como se quer numa livraria e como põe o nosso coração de leitor a palpitar. E o nosso coraçãozinho de gestor apreciava a forma como as secções estavam marcadas e as marcas eram visiveis num só relance a partir da entrada, orientando eficientemente e de igual forma o comprador habitual e o comprador de primeira vez, não o obrigando a perder tempo a remexer em romances de cordel se o gosto dele é por livros sobre militares. A mistura devidamente equilibrada entre espaço livre e espaço de venda. E promoções. Cartões de fidelização com 20% de desconto. Esquemas compre-2-pague-1. Livros grátis em compras de valores superiores a. Hardcovers em fins de edição a 15, 10, 5 dólares. Monos e livros com defeitos a 1 dólar. Promoções cumulativas, gente. Não há livro que fique por vender naquela terra.

Há que respeitar e admirar a coragem e a capacidade visionária do criador do conceito. Aparentemente, houve bastante pesquisa antes de o finalizar. Decerto teve de fazer concessões. E decerto os nossos gostos diferem. Contudo, é minha opinião que, se a Byblos ficar pelo que apresenta hoje, tornar-se-á em mais uma oportunidade falhada, fazendo as alegrias dos velhos do Restelo mas pelas razões erradas.

Uma loja da Chapters-Indigo de Toronto

byblos_dia2.jpg

(a Byblos no dia seguinte ao da inauguração, via Bibliotecário de Babel)

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DO OUTRO LADO DO MAR Roberto de Sousa Causo efectua idêntico resumo sobre a actividade editorial decorrida no Brasil durante o ano de 2007, com alguns destaques notórios a par de esquecimentos notórios, como por exemplo o da nossa própria antologia Por Universos Nunca Dantes Navegados, composta em 50% por autores brasileiros de renome. Parece ter sido no Brasil também um ano de antologias de ficção curta (aquilo que em português não adulterado por ango-saxonismos se designa por «contos»), sendo um dos projectos mais interessantes o de Ficção de Polpa - pelo menos a nível de ideia, porque a nível de execução guardo, sinceramente, muitas reservas até ver o produto final, uma vez que o meu próprio conto submetido para o segundo volume destinado à temática Ficção Científica acabou não sendo seleccionado, não por uma questão de qualidade, mas porque, além de ser relativamente grande, tinha, nas palavras do autor, «enredo e Ficção Científica em demasia» e ele procurava algo mais intimista para um público generalista (sim, onde é que eu tinha a cabeça quando enviei uma história destas em resposta a uma convocatória de pulp fiction de Ficção Científica?...) Apesar destes pequenos atropelos, o Brasil continua a ser um mercado vibrante com dezenas de autores em constante movimento, escrevendo em parcerias, publicando na internet, e batalhando contra o oblívio. Já no início deste ano sai uma antologia apetecível, organizada pelo próprio Causo, com a designação de Os Melhores Contos Brasileiros de Ficção Científica (edições Devir Brasil) e a proposta de se tornar na «primeira antologia retrospectiva da FC brasileira, a primeira a impor um conjunto de contos-referência para o género no Brasil», com uma galeria impressionante de autores, desde Machado de Assis, André Carneiro, Jerônimo Monteiro, Jorge Luís Calife, Rubens Teixeira Scavone, Ricardo Teixeira, Levy Menezes, Domingos Carvalho da Silva, Gastão Cruls, e o próprio Causo (ausente da lista de autores da capa) e sua esposa, Finisia Fideli. Aguardamos ansiosamente o segundo volume, ainda não anunciado, desta obra de referência, que decerto incluirá os outros grandes talentos da moderna FC brasileira, como (entre muitos outros) Gerson Lodi-Ribeiro, Bráulio Tavares, Gabriel Boz e Octavio Aragão.

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11 Janeiro 2008

TODO O ANO NUM SÓ POST. Editar e publicar um livro contendo uma nova geração de autores. Ser escolhido para representar Portugal numa antologia europeia comemorativa dos encontros anuais europeus do género. Disponibilizar a primeira obra publicada gratuitamente na internet. Surgir em castelhano. Surgir em brasileiro.

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INOVAÇÕES NA LOCOMOÇÃO ARTIFICIALMENTE ASSISTIDA. As recentes descobertas que se têm verificado nas áreas de leitura e interpretação de padrões mentais e de estímulo assistido dos órgãos motores inspiraram investigadores do Laboratório Nacional de Zurique a inventar uma nova forma de manipulação biomotora destinada a pessoas com deficiências físicas. Há mais de dez anos líder europeu na indústria de próteses corporais inteligentes, que, dotadas de sensores capazes de interpretar o meio ambiente, são capazes de interagir com o utilizador quase como se fossem partes naturais do corpo, o Laboratório apresentou na passada sexta-feira o protótipo de um inovador sistema orientado para o apoio a deficientes paraplégicos e tetraplégicos. Ao contrário dos métodos actuais, cujo objectivo é geralmente reparar os danos físicos existentes no sistema nervoso das pessoas afectadas mediante um tratamento terapêutico de natureza genética, o aparelho tenta criar um sistema nervoso paralelo de funcionamento autónomo. Aproveitando a larga experiência no controlo dos membros por estimulação nervosa, os Laboratórios conceberam um conjunto de centros de comando distribuidos, cada qual ligado aos receptores musculares de uma zona ou membro específico, e que os activam consoante as instruções enviadas remotamente por um centro de leitura de padrões mentais anexado na nuca do paciente. Desta forma, consegue-se uma restituição quase completa da locomoção e do movimento, e deixa de ser necessário o recurso a indicações vocais ou por intermédio de sensores para accionar o aparelho – o paciente pode continuar a pensar em “andar” ou “sentar-se” como faria uma pessoa em condições normais. Os representantes do Laboratório manifestaram-se satisfeitos com os resultados, embora considerem que é necessário mais algum tempo para afinar pormenores do processo, entre os quais o delicado acto de equilíbrio muscular que constitui o “manter-se de pé”. [Agência Nacional de Noticias, 11.01.2022]

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10 Janeiro 2008

NEIL GAIMAN E A EXPERIÊNCIA PESSOAL de ler Lovecraft. On video.

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