Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


03 Dezembro 2007

A VOZINHA ESCOCESA do Darth Vader. Assim se vê como um líder precisa de uma garganta funda...

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02 Dezembro 2007

E NA SEQUÊNCIA DO VÍDEO ANTERIOR condivo-vos a conhecer esta conferência do famoso Steven Pinker, que descobri há mais de dez anos através do livro The Language Instinct enquanto recolhia informação sobre a linguagem e o processo pelo qual comunicamos, e que eventualmente me permitiu descobrir Chomsky e Barthes e outros. A pesquisa foi efectuada para a elaboração do que seria o romance pós-GalxMente, uma história complexa sobre a (in)capacidade de contacto com seres extraterrestres que me levou a explorar formas alternativas de comunicação, conceitos como geografias de percepção e demais tolices que são tão caras aos autores quando se perdem nos meandros dos seus espaços craneais. Dele estão feitas cerca de 50000 palavras, que irei, talvez, rever um dia e dar-lhes uma forma que me agrade. Eis uma história alternativa.

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CHARLES STROSS em mais uma leitura pública, desta feita nas instalações do Google. Halting States, o romance mais recente, é uma obra sobre as comunidades de jogadores online. Neste universo obviamente imaginado (EUA) os autores fazem tours de promoção das obras, directamente ao público que melhor as apreciará. No nosso universo real, autores-celebridade aparecem em prime time para fazerem queixinhas que um determinado crítico não gostou deles... And so it goes.

(Observação de autor: atentem no modo como Stross utiliza o recurso do narrador na 2ª pessoa, sempre muito difícil e arriscado de conseguir na ficção.)

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NA SENDA DOS AUDIOLIVROS, que estão a ser alvo de interessantes campanhas de marketing neste Natal (das editoras 101Noites e Boca, pelo menos), surgiu nos Estados Unidos esta tendência de produzir podcasts de leitura de ficção, que são basicamente séries de ficheiros áudio disponibilizadas regularmente na internet, em conjunto com uma lista de actualização que alerta o software de reprodução da existência de novos programas, e que se tornam, não só numa forma inovadora de constituir um canal de rádio bastante personalizado, como num meio adicional, e bastante íntimo, de divulgação de autores e livros. Ouvir livros falados não é para toda a gente, e há mesmo quem rejeite a ideia logo à partida - talvez não tenham sido sensibilizados para o facto de que, se alguns livros não podem nem devem ser lidos em voz alta, outros adequam-se naturalmente a este veículo, e perfeitamente ocuparão os momentos mortos nos transportes de e para casa. Na prática, em termos comerciais, o que se procura aqui é ultrapassar a barreira física do processo da leitura, e ocupar, com o consumo de ficção, as horas do dia em que a vista está ocupada mas a audição livre. Mais horas de consumo igual a crescimento do mercado? Assim se espera. Pessoalmente, tenho algumas ressalvas quanto à viabilidade das iniciativas mencionadas acima, não porque pense que os audiolivros não seriam aceites pelo nosso mercado, mas porque ainda não contemplam a definição do mercado, não investem decentemente em tornar o audiolivro cool. E certamente que não será pela publicação de textos clássicos (Pessoa, etc.) que isso acontecerá. Embora não quisesse cair na tentação da postura «se fosse eu, faria assim», a estratégia assumida parece-me ter falhas de abordagem tão óbvias que, se fosse eu, teria, em simultâneo com os lançamentos, produzido um podcast regular com excertos dos audiolivros produzidos e a leitura de textos pequenos e inéditos, mesmo se submetidos por autores desconhecidos. Teria criado um pequeno DN Jovem em formato áudio, e começar a dar apetência à geração actual de ler ficção pelos tímpanos. Demoraria algum tempo, obviamente, mas com os recursos correctamente aplicados, e com alguma criatividade, poderia tornar-se num espaço que, no decurso de um ano, tivesse um público de largas centenas de interessados. Sem pensar no facto de muitos ouvintes preferirem que as obras sejam lidas pelos próprios autores. E de que surgiriam pérolas criativas, fruto da vontade dos jovens escritores, quererem fazer mais e melhor. Explorar os limites das novas tecnologias, que dominariam. Mas talvez esta minha visão seja apenas, e mais uma vez, o fruto da minha fraca opinião da capacidade da nossa lusa cultura de aceitar inovações sem reservas. Fiquem-se com uma entrevista ao editor Stanley Schmidt, grão-mestre da Analog há mais de vinte anos, no site do Paul Levinson.

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25 Novembro 2007

O BLOGUE DE UM PORTUGUÊS com doutoramento, em curso, em Estudos Fílmicos na Universidade de Kent, que participará no livro Reading «Battestar Galactica»: Flesh, Spirit, and Steel com o ensaio «Getting Out of the Sci-Fi Ghetto?: Battlestar Galactica and Genre Aesthetics»: Sérgio Dias-Branco. Parece ser bastante interessante. Uma sugestão aos organizadores do Fórum Fantástico para o próximo ano? (nudge, nudge, wink, wink) [via Indústrias Culturais]

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24 Novembro 2007

O QUE O BRASIL TEM de bom (além do samba, sol, café, abacaxi, geografia imensa, riqueza de mitologias, a Amazónia, extensas praias e lindas mulheres...) é de continuar a apostar na ficção científica em língua portuguesa. Entre outros espaços de publicação, eis um que dura há bastantes anos: a revista Somnium. Publiquei nela um pequeno conto que não ficou na memória, há mais de 10 anos, e ainda a revista continua a dar pontapés e a tentar demarcar-se como um espaço importante no território literário. Nós devíamos tirar daqui uma boa lição. Pedem-me para divulgar, o que faço com todo o prazer: estão à procura de contos e artigos inéditos para o especial de fim de ano. Contos até 3000 palavras, artigos podem ser um pouco mais extensos. Ficção Científica e Fantasia, obviamente. Até 10 de Dezembro, enviem os vossos trabalhos para este email.

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O BATMAN AVANÇA para o novo filme, Dark Knight, e os produtores começam a soltar migalhas para o público debicar até à entrada nas $ala$ de cin€ma... uma das primeiras migalhas fala de inovações técnicas na forma de filmar. Infelizmente não se prevêem inovações na arte de contar a história. Oh, well...

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15 Novembro 2007

ALGO ME FEZ CONFUNDIR a autoria de «A Lotaria» (de Shirley Jackson) com a passagem de Ira Levin com um mundo tantas vezes descrito nas suas obras. É estranho celebrar a memória de um autor com a história de outro, mas a estranheza e a tensão visceral desta história curta enquadram-se de maneira interessante na época e na sociedade. Como se a paranóia de Dick contaminasse todas as nossas paranóias, até não conseguirmos distinguir o que era loucura própria de loucura importada.

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11 Novembro 2007

BEM, NÃO ME ADMIRAVA NADA que este tipo de negócio viesse a acontecer: um mercado negro para o fornecimento de carne clonada a partir da informação genética de celebridades... é bem possível que o mundo assista a eventos mais radicais, como o fim da espécie humana... (ficção ultra-curta por Paul McAuley e Bruce Sterling, demonstrando que não são necessárias muitas palavras para se conceber uma boa ideia de FC hard).

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UMA PEQUENA MENÇÃO para possíveis escritores, em particular porque oportunidades direccionadas como esta não surgem todos os dias: a Booktailors encontra-se à procura de originais de ficção em língua portuguesa, nomeadamente ficção ou novela contemporânea dirigida ao público em geral, com preferência a obras destinadas ao segmento feminino e feminino adolescente. Uma excelente oportunidade para desenvolvimento de uma carreira literária. Este mercado está finalmente a ficar adulto. Mais informações aqui.

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09 Novembro 2007

A SESSÃO DE LANÇAMENTO de ontem correu bem, com a participação na mesa de Jorge Candeias, Yves Robert e João Ventura (os demais, ou não podiam estar presentes ou tiveram de sair mais cedo devido ao adiantado da hora). Também não se registou a presença de elementos da imprensa, o que teria dado outro ímpeto à saída do livro. Quanto a exemplares vendidos, estes foram-no essencialmente graças à generosidade dos entusiastas do meio - penso que começará hoje a verdadeira prova comercial com o surgimento aos poucos de uma faixa de público que apenas ocasionalmente lhe ocorre assistir a eventos como este. Ou seja, o mesmo tipo de público que compra em livrarias e pouco mais intervém no género. O tempo é-me curto para fazer mais algum comentário sobre o lançamento, a não ser agradecer mais uma vez a amabilidade do Fórum Fantástico de acolher esta iniciativa e divulgá-la na imprensa, e à Saída de Emergência por aceitar dispor comercialmente um livro, que para todos os fins é não-profissional, no meio das suas publicações oficiais. Deixo-vos com uma fotografia do evento, da autoria do Luís Rodrigues. E não se esqueçam: hoje há mais Fórum Fantástico, com eventos bem mais importantes.

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