Exposição Prolongada à Ficção Científica  

   um blog de Luís Filipe Silva


05 Abril 2006

JE SUIS AUSSI ICI. Na famigerada Bang!, agora já no seu primeiro número, conhecida aqui e além-mar. A caminho de conquistar novos territórios! O conto chama-se «A Casa de Um Homem», e pertence ao universo deste outro (se por acaso já o tinham lido no Caderno de Contos, fiquem sabendo que foi modificado e está bem mais inteligível). Questões de tipografia parece que obrigaram a revista a colocar outros conteúdos à volta do conto - outros autores e artigos -, pois o texto era muito curto, mas claro que não são obrigados a ler este excedente... :)

 (Pronto, o João Seixas tem um artigo fabuloso sobre a FC Hard, que comentarei brevemente, e o Rhys Hughes aparece, mais o Tobias Bucknell, e outros, logo falarei mais em detalhe quando a acabar).

(Assim acaba uma diáspora de alguns anos - o último texto in print havia sido no Diário de Notícias, se não me engano.)

Comprem. É vital para a retoma económica. Não estou a brincar.

[Link Permanentedel.icio.us  technorati  digg  facebook  reddit  google

29 Janeiro 2006

NEVOU EM LISBOA. Se esperares, acontece. Ainda em ti a criança. O mundo tem o sabor de estórias. Resta saber se são muitas páginas.

[Link Permanentedel.icio.us  technorati  digg  facebook  reddit  google

13 Janeiro 2006

UM DISCURSO DE KEVIN SMITH sobre o processo de Hollywood. Hilariante.

 

[Link Permanentedel.icio.us  technorati  digg  facebook  reddit  google

04 Janeiro 2006

AINDA A IBERCON. Em jeito de desfecho e súmula, uma menção recursiva, por sinal) às várias observações sobre a passada convenção ibérica.

[Link Permanentedel.icio.us  technorati  digg  facebook  reddit  google

ESTOU DE VOLTA aos 100 metros-barreira. O que na literatura significa um conto por dia. Até perder o fôlego...

[Link Permanentedel.icio.us  technorati  digg  facebook  reddit  google

20 Dezembro 2005

CENÁRIOS DO FUTURO e a disrupção de sistemas como nova forma de guerrilha. Ao contrário da ficção especulativa dos anos 70 (séc. XX), não é necessário o colapso da civilização e uma guerra a grande escala para promover o cenário de catástrofe urbana. A ficção científica muda com o mundo.

[Link Permanentedel.icio.us  technorati  digg  facebook  reddit  google

19 Dezembro 2005

ESTE SENHOR É ESPERTO, misturando o código Da Vinci com extraterrestres, linguagens e manuscritos esquecidos... é pena que a designação «FC» vá acabar com as vendas, devia estar a ser vendido como «antecipação histórica».

[Link Permanentedel.icio.us  technorati  digg  facebook  reddit  google

18 Dezembro 2005

O REI DO KONG. Peter Jackson aposta mais uma vez num filme de fãs, e prova a máxima de senso comum que, para poder fazer melhor, é preciso primeiro gostar do que se vai fazer, conhecer o que se fez e saber distinguir os pontos fracos dos fortes. É por isso que existe uma história dramática de uma América em recessão a tornear a aventura de um macaco gigante que, contra a sua vontade e como muitos emigrantes, chega a uma Nova Iorque que o engole e destrói. Jackson avisa-nos logo no início que não se trata de uma aventura, mas de algo mais negro - embora a referência ao Coração das Trevas seja pouco apropriada. As cenas preparatórias até ao momento em que encontramos o orangotango gigante são do melhor que o cinema já nos ofereceu em termos de recriação, pois mergulhamos profundamente no coração de Manhattan nos anos 30 - só este facto tornaria o filme sublime - e depois no final o confronto com os aviões no cimo do Empire State Building apresenta-nos vistas aéreas da baía do rio Hudson, ao amanhecer, perfeitamente deslumbrantes e que obrigam a que o filme seja visto no cinema. Mas a história avança a bom passo, e em breve estamos cercados por cenas de acção e por um sentido de um maravilhoso primitivo, nada racional, como só os pulps nos poderiam oferecer. Esta é de certa forma uma recriação pulp, senão mesmo uma homenagen, aproveitando a técnica e a tecnologia modernas. A diferença do primeiro Kong é que se fala do desejo - aqui percebe-se que a rapariga fica encantada pela paixão inocente, juvenil do símio, mas que não sabe, não consegue, ou não tem forças, para o salvar. Deslumbrante, emocionante, são três horas que não se sentem passar - ao contrário do longo e interminável bocejo que foi a adaptação daquela grande defecação da literatura fantástica.

[Link Permanentedel.icio.us  technorati  digg  facebook  reddit  google

17 Dezembro 2005

UM GESTO MUITO SIMPÁTICO da Associação Espanhola de Fantasia, Ficção Científica e Terror (AEFCFT), por me terem enviado um exemplar da Fabricante de Sueños de 2005,Pincha en la imagen para enviarla como postal antologia dedicada à recolha dos melhores contos originais do género publicados em castelhano, na internet ou por meios tradicionais no ano de 2004. A associação manifesta-se disposta a promover o intercâmbio entre os dois países e culturas, e está disponível para apreciar iniciativas nesse sentido.

Segundo a nota introdutória da antologia, recolheram-se centenas de contos e foi difícil a escolha dos que iriam figurar num livro de 230 páginas. Outro artigo mostra a vitalidade da edição em Espanha, cheio de autores e fanzines e romances e acontecimentos. Um exemplo a seguir, sem dúvida. Em breve, uma apreciação - para já fiquem com o índice. Muchas gracias!

 

 

[Link Permanentedel.icio.us  technorati  digg  facebook  reddit  google

11 Dezembro 2005

CRÍTICAS. Polar Park, de Adam Roberts. É um cenário familiar, o do mundo sobrepovoado, e que já não nos visitava há algum tempo. Roberts evade as descrições óbvias e situa a acção num dos poucos locais em que a pressão humana não se faz sentir, o Pólo Norte, uma das últimas zonas desérticas a ser usada como refúgio da vida animal - vida modificada geneticamente para viver no frio e usar culturas de bactérias no gelo como pastagem. A vida selvagem foi domesticada a nível mundial, pois é preciso alimentar os famintos e não há espaço na terra suficiente para os pobres bichos. E como não podia deixar de ser, os heróis e anti-heróis improváveis desta história são cientistas, engenheiros genéticos, pertencentes a um dos ramos de uma suposta multi-Empresa global que se divide em secções distintas em luta permanente entre si.

Sobre este cenário improvável, que nos vai surgindo aos poucos, no contexto da narrativa, com maestria profissional, Roberts decidiu contrapor a chegada de uma cientista nova (proveniente de outra secção da Empresa, e nesse sentido, rival em potência) ao grupo que gere uma estação de pastagem do Pólo Norte e cultivo de animais modificados. Este grupo é formado por três engenheiros genéticos, três soldados/guardas, e uma ajudante-faz-tudo com uma libido muito activa e barba rija (sim, barba). Percebemos que estamos em presença do «conflito principal», embora sejamos avisados da presença de terroristas que querem sabotar as acções da Empresa e acabar com o parque (terroristas ideológicos ou soldados de uma secção rival da Empresa determinados em acabar com um empreendimento lucrativo?) - e como leitores experientes que somos, sabemos que os dois territórios de conflito irão convergir num só, mais adiante na narrativa.

Conduzidos por um estilo transparente que em pouco tempo estabelece o cenário, as personagens e o tema principal, e nos posiciona do lado da cientista recém-chegada, de forma que esta nos surge muito definidamente como a outsider de um mundo com regras e hábitos diferentes, aguardamos com alguma antecipação que Roberts nos conduza pelo Parque prometido do título, que estejamos em presença de hard sf especulativa, assente em regras científicas fortes e fundamentadas (promessa fortalecida pela edição em que encontrei a novela: a colectânea Infinities, que reune igualmente novelas de Eric Brown, Reynolds e Ken McLeod).

A realidade é bem distinta. O que poderia ter sido uma especulação sobre as estratégias e rigores de subsistência de um planeta que se tornou no Terceiro Mundo, depressa se torna num thriller bizarro mas relativamente banal, quando os soldados da estação aparecem subitamente mortos, supostamente por um ataque terrorista, embora não se encontrem sinais de terroristas nas proximidades; o grupo residente decide então, contra o que parece ser bom-senso (na opinião da protagonista e muito claramente do leitor) não chamar a Empresa por receios de serem incriminados no assunto... e nem uma vez manifestam preocupação por poderem estar em perigo de vida, ou perguntam a si mesmos se o culpado se encontra entre eles.

Naquele espaço claustrofóbico, a paranoia desenvolve-se, como é natural (e descrita com alguma verosimilhança, diga-se de passagem), mas manifesta-se essencialmente sobre a cientista nova perante o grupo, cujos elementos continuam a encarar a situação nas calmas. Numa tentativa de fuga, a cientista consegue convencer dois membros do grupo de que o culpado é um terceiro (que Roberts nos tinha mostrado anteriormente a assumir atitudes estranhas), e durante metade da história somos conduzidos numa tentativa de fuga, numa frustração absoluta e num regresso à base envolto em perigo e dúvida. O final e a revelação do(a) culpado(a) não tarda - sim, sempre surge a questão do terrorismo -, e o ultimo parágrafo tenta conduzir-nos de volta a um mundo mais seguro e certo que o que acabámos de viver.

Resultado? Essencialmente um fracasso, mas com pontos positivos.

Apreciada no global, a história é demasiado longa e pormenorizada para o enredo que contém, e não se trata sequer de um verdadeiro enredo de FC - demasiado tempo e páginas são perdidas a descrever a fuga pelo território gelado, a posição do grupo perante a protagonista nunca é realmente explícita (a tal ponto que seria talvez mais legitimo que ela própria fosse a causadora de tudo), e o cenário do mundo sobrepovoado apenas nos surge brevemente sem uma explicação mais detalhada dos restantes problemas e compromissos que tal sociedade teria de enfrentar (por exemplo, é minimamente sustentável que o mundo fosse tão povoado que apenas o ártico e o antártico seriam zonas livres para manadas de animais de caça? Que apenas existisse uma Empresa dominante na economia mundial?).

Contudo, nos detalhes há pormenores de execução bem trabalhados, como as incompreensíveis atitudes dos personagens que contribuem para uma sensação geral de desconforto (pouco habitual na abordagem americana aos thrillers), as constantes dúvidas e interrogações da protagonista que aludem constantemente à possibilidade de se tratar apenas de paranóia, e o facto de nada nos ser explicado até ao final finalíssimo - contudo, mesmo a explicação surge apressadamente, e deixa-nos com imensas dúvidas e uma sensação leve de descrédito.

Excerto de uma obra maior? Assim parece, mas há que avaliá-la como se manifesta, e como tal o meu conselho é: Adam Roberts tem obras melhores, não percam tempo com esta.

 

 

[Link Permanentedel.icio.us  technorati  digg  facebook  reddit  google

04 Dezembro 2005

VISITA GUIADA a um conjunto de links que onde tenho passeado:

  • começando por uma entrevista ao omnipresente Neil Gaiman, que contém observações interessantes sobre o ofício da escrita (não acredito que apenas escreva 1500 palavras por dia...);
  • Sarah Monette (quem é?) acrescenta as suas opiniões sobre a construção de mundos;
  • outro autor oferece os seus comentários ao público, mas é ouvido com menos atenção (aconselho que escutem bem o que tem para dizer, pareceu-me entender algo importante);
  • por outro lado, recomendo algum juízo crítico sobre estas declarações (falo da zona de comentários, não da pobreza do texto crítico);
  • Richard Morgan não se vendeu ao comercialismo, embora pretenda escrever fantasia;
  • por sua vez, talvez H.P. não se importasse de ter recebido a atenção que hoje lhe devotam;
  • The Prestige vai ser transformado em filme;
  • Rod Serling reaparece em 3D para uma série de televisão;
  • outros actores vendem-se aos bocados no eBay;
  • um texto argumentativo com ideias interessantes sobre citações de FC;
  • e, finalmente, para quem um dia pensou, na brincadeira, fazer uma «continuação» de um Futuro à Janela com um Futuro pelo Buraco da Fechadura, contendo apenas contos curtíssimos, houve outro alguém que levou a brincadeira a sério (e merecidamente).

[Link Permanentedel.icio.us  technorati  digg  facebook  reddit  google

WHAT KIND OF ALIEN ARE YOU? Eis a descoberta chocante: «Mostly D - You're a grey alien, dude. The way your mind works is beyond the comprehension of ordinary human beings. You travel vast distances to scare hillbillies, drink moonshine and loop-the-loop through cornfields before heading back to crash at your crib and watch the Twilight Zone. Get a job. Your favourite colour is...like all of them, man.» Descubram vocês também, aqui (e aproveitem para ver o resto da exposição, how jolly good to be a Londoner).

[Link Permanentedel.icio.us  technorati  digg  facebook  reddit  google

03 Dezembro 2005

MERECE SER DIVULGADO este pequeno divertimento. Esperem até ao final. (Obrigado, Jorge).

[Link Permanentedel.icio.us  technorati  digg  facebook  reddit  google

Site integrante do
Ficção Científica e Fantasia em Português