Personagens
Sir John Falstaff - Barítono
Ford - baritono
Caio - Tenor
Bardolf - Tenor
Pistol - Baixo
Anna - Soprano
Senhora Page - Mezzo-Soprano
Dama Lesta - Mezzo-Soprano
Outros personagens ocasionais
Acto I
Sir John Flastaff, o Fanfarrão, senhor e dono do Enclave Falstaff de Hispaniola do Sul, encontra-se a descansar no Salão Nobre antes de dar início, no seu grande corpo de lagarta que usa como fábrica química, à produção de uma nova colheita de agentes genéticos destinados à pureza do senhorio, quando irrompe Caio, administrador local delegado, que vem queixar-se de como os lacaios de Falstaff lhe estragaram os negócios com os chineses. John escuta-o com complacência e depois chama os demónios à vez: primeiro Bardolf, o cruel, que nega os feitos, afirmando que se encontrava em órbita entretido com actos de espionagem nessa ocasião, e logo dirige a suspeita para Pistol, o demónio de sangue, que traz miséria e fome às localidades a mando do mestre. Este surge, de barriga cheia, e renega também o feito, embora Caio o aponte a dedo ("Certo fu lui! Guardate. Come s'attegia al niego quel ceffo da bugiardo!"). Divertido, Pistol troca galhardetes com Caio, que, furioso, exige reparações a Falstaff. Este pergunta que negócio foi interrompido com a pretensa intervenção do seu pessoal, e Caio explica que tinha sido o da venda de armas químicas para a guerra com S. Petersburgo. Falstaff enfuna então o corpo, irado, proclamando que Caio agia contra a humanidade por incentivar a guerra, que o Enclave nada sabia desse negócio senão teria exigido mais que a dízima habitual, e conclui sentenciando Caio a sair de Hispaniola para sempre. Caio perde a cabeça e começa a enumerar os crimes de Falstaff, para crescente ira do mesmo. Este interrompe-lhe o discurso lançando-se em frente e cuspindo-lhe no rosto. Caio tenta fugir mas é tarde. Falstaff explica friamente que Caio irá morrer em poucos dias, e que levará toda a família próxima com ele; o vírus com que acabou de atacá-lo irá disseminar-se pelo enclave e condenar qualquer feto das próximas cinquenta gerações que apresente um traço genético aproximado do seu, mesmo que por acaso. Caio é expulso do local a pontapés pelos lacaios demoníacos.
Falstaff conferencia então com Bardolf e Pistol, dizendo que não se podem dar ao luxo de perder mais homens empreendedores, como Caio, pois urge sanitizar as finanças do senhorio. É arriscado abrir guerra com os enclaves vizinhos, uma vez que partilham os mesmos recursos da ilha e iria parecer mal aos olhos dos organismos políticos internacionais - dando-lhes motivos para meter-se onde não são chamados; mais inteligente e oportuna será a branda arma da parceria.
Redige assim duas missivas, que grava a fogo nos espíritos de ambos os demónios. Um deles deverá convidar o regente de Martinica; o outro, o das Virgens Britânicas. Ambos os líderes ambicionam a entrada no território de Hispaniola, e ambos detêm patrimónios genéticos facilmente adaptáveis ao de Falstaff. Com sorte, pensa este, irão degladiar-se mutuamente até à extinção, pelo previlégio de serem escolhidos. Falstaff considera esta ideia particularmente divertida.
* * *
Mudança de cena. Entra A. Ford, regente-mor de Martinica, visivelmente agitado pela recente visita do emissário, e a sua filha e acólita, Anna, que procura acalmá-lo e chamá-lo à razão: Falstaff terá algum truque na manga, e não ofereceria um convite tão generoso para abrir relações entre os dois enclaves se não ficasse a ganhar com isso. Ford quer ser precavido, mas vê aqui a possibilidade de resolver os mais graves problemas do senhorio. Anna sugere então utilizar os seus contactos secretos para investigar a questão, e sai de cena. Ford canta então uma ária pungente, em que abre o coração de líder e revela a desolação a que chegou o senhorio: pestes atrás de pestes, caos climatérico responsável pelo esgotamento dos recursos da ilha, e um total abandono dos aliados continentais no tocante a investimentos industriais. Anna regressa, agora mais agitada, portadora de novas, e estabelece ligação com M. Page, senhora de um enclave obscuro das Virgens Britânicas, que se faz acompanhar da pagem Lesta. Havia recebido uma missiva de Falstaff com igual teor, e também ela julgara exclusivo o convite. Ford mostra-se insultado e pretende recusar, mas quer Anna quer Page o aconselham a reflectir: sozinhos pouco poder têm ("Se ordisci una burla, vo' anch'io la mia parte. Conviene condurla con senno, con arte"), contudo, se se unirem em conluio à revelia de Falstaff, isso pode tornar-se numa arma perigosa.